No Dia Mundial de Luta Contra o Câncer (08 de abril), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) reafirma o seu compromisso com a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento do câncer, por meio de um conjunto de ações integradas capazes de reorganizar, estimular e aprimorar a prestação de serviços de atenção oncológica no país, principalmente neste momento tão delicado de crise sanitária devido à pandemia do novo Coronavírus. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que para cada ano do triênio 2020-2022 ocorrerão 625 mil novos casos de câncer no Brasil. Em 2020, a incidência estimada foi de 626.030 casos, sendo 309.750 em homens (65.840 apenas de câncer de próstata) e 316.280 em mulheres (66.280 de mama feminina).

O cenário, no entanto, é ainda mais alarmante devido à Covid-19. Alguns estudos epidemiológicos realizados com pacientes com câncer e diagnosticados com da doença demonstram que há uma maior taxa de letalidade em pacientes oncológicos quando comparados à população em geral. A taxa de letalidade por Covid-19 na população brasileira é de 2,4%. Em pesquisa realizada com 181 pacientes diagnosticados com Covid-19 e internados para tratamento de câncer no Inca, entre abril e maio de 2020, 69 pacientes evoluíram a óbito, o que corresponde a uma letalidade de 38,1%. Outro estudo realizado por pesquisadores do grupo Oncoclínicas, com 198 pacientes da saúde suplementar tratados entre março e julho de 2020, em todas as regiões do Brasil, encontrou uma taxa de letalidade de 16,7%.   

Ambos os estudos demonstraram que pacientes com câncer ativo ou com metástases apresentavam maior risco de complicações e de evoluir a óbito, do que a população em geral. De acordo com os dados apresentados pelos pesquisadores, os fatores associados à morte de pacientes com câncer após o diagnóstico da Covid-19 foram: idade maior que 60 anos, tabagismo, comorbidades, câncer do trato respiratório e manejo em ambiente não curativo. Mesmo os pacientes que não faleceram são acometidos por sequelas graves, especialmente para aqueles imunossuprimidos ou que realizaram transplante de medula. 

Atenta ao cenário alarmante, a ANS estimula as operadoras de planos de saúde a repensarem a organização da atenção prestada aos seus beneficiários, promovendo a mudança do modelo de atenção centrado na doença para um modelo de cuidado integrado, a partir da atenção primária em saúde, com indicação rápida e oportuna para os demais níveis de atenção, fundamentais para o cuidado oncológico. Uma das frentes de atenção da Agência neste sentido é o Projeto OncoRede, que tem por objetivo a construção de um sistema de saúde integrado que alcance todo o percurso do paciente na rede, de forma resolutiva, com profissionais capacitados e informação acessível. Os resultados esperados incluem a adoção de boas práticas na atenção oncológica no setor suplementar de saúde e monitoramentos dos resultados.   

Na última reunião do OncoRede, que elabora o Manual de Certificação de Boas Práticas em Atenção Oncológica, os dados das pesquisas de letalidade dos pacientes de câncer por Covid foram debatidos pelo grupo técnico ao discutir a situação atual do tratamento oncológico em relação à pandemia persistente. A manutenção do tratamento, com todos os cuidados de prevenção do contágio, como recomendado pela Sociedade Brasileira de Oncologia – SBOC, e a priorização da vacina para as pessoas acometidas pelo câncer são fundamentais para tentar reverter este quadro.  

Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos e Doenças  

A ANS também incentiva as operadoras de planos privados de assistência à saúde a promoverem ações de prevenção em diversas linhas de cuidado por meio do Programa de Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos e Doenças (Promoprev). Atualmente, há 392 programas voltados para as doenças oncológicas. Eles contemplam 1.010.225 beneficiários de todas as faixas etárias e são desenvolvidos por 203 operadoras. Os programas focam, em sua maioria, nos tipos de câncer mais prevalentes, como mama, próstata, câncer de cólon e reto, colo de útero e pulmão. 

Periodicamente, a Agência atualiza o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde para melhor atender às necessidades dos beneficiários de planos de saúde. Na última atualização, que entrou em vigor no dia 1º de abril, foram incluídos 19 medicamentos antineoplásicos, dois procedimentos e uma terapia para o tratamento de diferentes tipos de câncer (veja o quadro abaixo). 

O que é câncer? 

De acordo com o Inca, o câncer é um termo que abrange mais de 100 diferentes tipos de doenças malignas que têm em comum o crescimento desordenado de células, que podem invadir tecidos adjacentes ou órgãos a distância. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo. Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Quando começam em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, são denominados carcinomas. Se o ponto de partida são os tecidos conjuntivos, como osso, músculo ou cartilagem, são chamados sarcomas.