Deu na Folha que 25% dos médicos brasileiros que mantêm consultório não aceitam convênios. Preferem atender a particulares, que pagam muito mais pela consulta – em São Paulo, entre R$ 200 e R$ 1.500, contra R$ 60 via plano.
Há duas soluções de mercado para essa situação. Ou as operadoras aumentam o repasse aos médicos, ou se colocam mais profissionais no mercado. Médicos, evidentemente, pressionam pelo reajuste das consultas. Já o governo, com apoio dos irmãos Castro e dos donos de faculdades, vem trabalhando para aumentar a oferta de profissionais, tanto pela importação de cubanos como pela abertura de mais vagas nas escolas.
Arranjos intermediários também são possíveis e até preferíveis. Faria sentido para os planos remunerar melhor o médico se ele realizasse consultas mais completas, das quais resultariam menos pedidos de exames. A dificuldade aqui é que seria preciso contar com uma rede de profissionais bem preparados e que dediquem mais tempo a cada paciente.
Qual o número ideal de médicos? Os doutores gostam de dizer que o país já conta com proporção adequada de profissionais. O problema seria só de distribuição. Sempre lembram uma suposta cifra da OMS, segundo a qual um médico para cada mil habitantes seria suficiente. O Brasil, com 2 por mil, já estaria bem servido.
Só que a OMS não perdeu inteiramente o juízo e nunca lançou recomendação válida para o mundo todo. Determinar a quantidade ideal exigiria cálculos complexos, que considerem o grau de desenvolvimento do país, seu perfil demográfico e epidemiológico, extensão territorial e nível de regulação (que procedimentos outros profissionais estão autorizados a realizar), entre outros fatores. Até onde sei, ninguém fez essa conta.
Um método mais grosseiro, mas que também funciona é olhar para as filas em serviços nos quais o principal insumo é o médico. Se elas são constantes, faltam profissionais.