Segundo estimativa da quarta edição do periódico Cenário da Saúde, publicação elaborada pela  Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), associação que representa as operadoras de planos de saúde – no primeiro semestre de 2015 as operadoras de saúde suplementar pagaram um total de R$ 18 bilhões em tributos que incidem na mensalidade dos planos de saúde. Neste ritmo o segmento contribuirá em 2015 com cerca de R$ 36 bilhões, valor superior ao verificado em 2014 (R$ 32,4 bilhões).

A título de comparação, o total pago em tributos pelos planos de saúde no primeiro semestre de 2015 (R$ 18,0 bi) representa 2,7 vezes o investido pelo SUS – Sistema Único de Saúde em internações hospitalares no mesmo período (R$ 6,8 bi). “Em um ano, o valor que as operadoras de planos de saúde pagam com impostos e demais taxas tributáveis, é suficiente para manter o investimento do Governo Federal com internações hospitalares públicas por aproximadamente três anos”, afirma Antonio Carlos Abbatepaolo, diretor-executivo da Abramge.

Do total de tributos do primeiro semestre do ano, 18,6% ou R$ 3,3 bilhões foi pago diretamente pelas operadoras ao fisco (tesouro público) e, o restante, R$ 14,7 bilhões das taxas e impostos estão embutidas nas contas médicas pagas pelos planos de saúde.

No Brasil a saúde suplementar movimentou R$ 143,9 bilhões ou 2,6% do PIB nacional em 2014. No geral, quase a totalidade deste recurso possui destino certo. As internações hospitalares são o principal destino desse montante, alcançando R$ 48,9 bilhões ou 34% do faturamento do setor. A título de comparação, o SUS investiu R$ 13,4 bilhões para custear todas as internações no sistema público de saúde no mesmo período, pouco mais de 25% do gasto pelas operadoras.

Sem margem para trabalhar, com resultado de 0,2% ou R$ 700 milhões, as mais de mil operadoras que atuam no mercado têm suas atenções voltadas ao combate do desperdício – recursos pagos que poderiam ser eliminados sem prejudicar o beneficiário ou reduzir a qualidade do atendimento.

Nos EUA, estudos e pesquisas publicados em revistas científicas indicam que entre 20 e 30% do que é gasto em saúde é desperdício.

Outro fator preponderante é o modelo de assistência fragmentado e que prioriza o atendimento com especialistas, não havendo coordenação entre os prestadores de serviços de saúde. Além disso, é primordial mudar o modelo de remuneração de modo a estimular a eficiência, e, por conseguinte, reduzir estruturas de auditoria e de autorizações que não seriam mais necessárias diante dessa mudança.