O IESS tem divulgado periodicamente sobre o crescimento do número de beneficiários de planos exclusivamente odontológicos no Brasil. Este aumento mostra que o brasileiro tem se preocupado cada vez mais com sua saúde bucal, mas ainda há muito o que melhorar neste aspecto. Apenas 11% da população brasileira tem acesso aos planos exclusivamente odontológicos, ou seja, ainda há um grande campo para expansão.

Neste mesmo tema, o artigo “Dental insurance, service use and health outcomes in Australia: a systematic review” (Plano de saúde odontológico, uso dos serviços e seus desfechos de saúde na Austrália: revisão sistemática da literatura), publicado na 19º edição do Boletim Científico verificou a qualidade da saúde bucal dos beneficiários por meio de revisão de 36 publicações. A análise do caso australiano pode auxiliar nas tomadas de decisão no âmbito brasileiro por se tratar de sistemas semelhantes.

Naquele país, o Seguro de Saúde Privado (Private Health Insurance – PHI) desempenha um papel fundamental no financiamento do atendimento odontológico no sistema de saúde. Entre 2012 e 2013, 12% de todos os gastos com serviços odontológicos foram de indivíduos com seguro privado. Bem como no caso nacional, a cobertura odontológica normalmente é fornecida em conjunto com a cobertura médico-hospitalar, porém, também é ofertado planos exclusivamente odontológicos. O seguro odontológico privado tem sido associado a níveis mais elevados de acesso aos cuidados dentários, com maior periodicidade no check-up e padrão dos serviços.

Como já esperado, a evidência consolidada mostrou que adultos que possuem planos odontológicos também tem mais acesso ao dentista. Segundo o estudo, os beneficiários destes planos possuem melhor gerenciamento no tratamento das doenças bucais e de resultados eficazes. No entanto, os autores não chegaram a resultados sólidos quando relacionados a saúde bucal dos pacientes. Fica, deste modo, o questionamento sobre a saúde bucal no caso brasileiro. O TD 66 aponta que a população que não adere a um plano odontológico está mais propensa a descuidar da higiene bucal. O trabalho aponta que 4,2% das pessoas sem plano odontológico afirmaram escovar os dentes só uma vez ao dia, quase o dobro do grupo beneficiário de plano, representando 2,4%. Ainda nesta comparação da saúde bucal entre os dois grupos, a pesquisa aponta que 3,9% dos beneficiários apresentam perda total dos dentes, já para aqueles sem planos odontológicos o número é quase 10 pontos porcentuais maior: 13,4%

Os desafios para a saúde bucal ainda são vários no nosso caso. O debate e adesão aos planos tem aumentado, mas ainda há muito o que se avançar na conscientização e a adesão aos diferentes programas e serviços para a promoção de saúde bucal.