As operadoras de planos de saúde apresentaram um novo modelo de saúde suplementar à agência reguladora do setor. A proposta prevê mudanças como a ampliação da coparticipação, um sistema de franquia similar aos seguros de veículos, além da acumulação de pontos nos programas de promoção à saúde para ter descontos nas mensalidades. A figura do “médico da família” aparece com a roupagem de um clínico geral que acompanha o histórico de um grupo de usuários e fica responsável pelo encaminhamento para os especialistas. O pacote está dentro da formatação de um novo plano de saúde popular, acessível às pessoas de renda mais baixa que não querem esperar o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).

O diretor executivo da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), José Cechin, explicou que as operadoras estão propondo mudanças no modelo de atenção à saúde e formas de remuneração dos prestadores (médicos, hospitais, clínicas, laboratórios etc). “As propostas se alinham com a solicitação do Ministério da Saúde, de propormos um produto acessível, com preço menor, para que mais gente tenha acesso à saúde”. Em relação ao novo modelo assistencial, Cechin destaca o papel do clínico geral que será a porta de entrada do usuário. Ele só encaminha para o especialista quando não consegue resolver o problema. Uma forma de racionalizar o uso dos serviços. Outro ponto das mudanças se refere às formas de remuneração dos prestadores. A proposta da FenaSaúde é que os pagamentos sejam feitos através de um pacote de serviços que contemple toda a cadeia assistencial.

A parte que interessa aos usuários é a proposta de ampliação da coparticipação, espécie de taxa que o usuário paga para ter acesso ao serviço, além da mensalidade. Cechin destaca que o mecanismo já é praticado, mas deve ser aperfeiçoado. “As operadoras teriam mais flexibilidade para estabelecer a coparticipação, que poderia ser aplicada por percentual ou um valor para cada procedimento”. A proposta excluiria os exames preventivos, como a mamografia para a mulher e o PSA para o homem.

Outra proposta apresentada pela FenaSaúde é um sistema de franquia para os planos de saúde, semelhante ao seguro de automóvel. Por exemplo: o plano de saúde teria uma franquia de R$ 1.000. As despesas abaixo desse valor seriam bancadas pelo usuário. Acima desse valor ficam por conta da operadora. “As pessoas vão usar o plano com mais critério e só vão fazer o procedimento quando precisar efetivamente”, diz Cechin As sugestões apresentadas pela entidade que representa as maiores operadoras foram entregues à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O Diario procurou a ANS, mas a agência não quis se pronunciar.