Um atendimento mais integrado que cuide da saúde dos idosos e não das doenças. Esse é o novo desafio proposto pela Agência Nacional de Saúde Suplementar. A ANS já recebeu 40 propostas para o programa Idoso Bem Cuidado. A ideia é selecionar 15 que evitem a via crucis por diversos especialistas, a realização de exames desnecessariamente e também que mostrem uma nova possibilidade para os planos de saúde remunerarem o serviço prestado. A diretora de Desenvolvimento Setorial da ANS, Martha Oliveira, afirma que essas mudanças são urgentes.

‘Hoje, o modelo de sistema de saúde é pago procedimento por procedimento, então quanto mais eu faço, mais eu ganho, sem ter nenhuma relação se aquilo está sendo bom para o paciente. Além disso, a gente ainda continua oferecendo os serviços no Brasil como se a gente só tivesse doença aguda, como se eu pudesse, numa emergência, tomar antibiótico e ir para casa’, diz Martha Oliveira.

De acordo com o IBGE, nos próximos 20 anos o número de idosos no Brasil vai mais que dobrar, passando de 12 para 30% da população.  Alda Vilas Boas, de 65 anos, é aposentada e sabe bem como é essa história de pular de médico em médico.

‘Eu procurava o médico que me operou, então ele atuava quase que como um clínico geral, alguém que tentava me dar um apoio maior, mas ele é um neurologista. Então, às vezes eu tinha dúvida mas cada hora era um profissional, eu não tinha alguém que fosse uma figura central…’, explica Alda Vilas Boas .

Alda encontrou a solução em uma clínica que reúne, no mesmo local, médicos de várias especialidades, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas e  fonoaudiólogos. Para o geriatra Estevão Valle uma equipe multidisciplinar é essencial no cuidado do idoso

‘Um atendimento mais humano, mais focado no bem estar, na qualidade de vida, e assim organizar o cuidado do idoso no sistema de saúde suplementar’, diz Estevão Valle.

O Presidente do Centro Internacional de Longevidade no Brasil, Alexandre Kalache, afirma que, com o envelhecimento rápido da população brasileira, é preciso reformular toda a estrutura publica e privada de saúde, para tirar o foco das doenças agudas, e priorizar o tratamento das doenças crônicas.

‘A ênfase vai deixar de ser curar para ser cuidar, porque se a gente não desenvolver essa cultura do cuidado, a grande conquista do século XX, que é o envelhecimento, vai se tornar o grande problema do século XXI, o que não faz sentido algum’, explica Alexandre Kalache.

As inscrições para o programa Idoso Bem Cuidado vão até 15 de junho. Podem participar operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços de todo o país.