A variação dos custos médico-hospitalares, medida pelo VCMH/IESS teve alta de 19% nos 12 meses encerrados em março de 2016. Por três meses consecutivos, o indicador, que é utilizado como referência para cálculo de reajustes das mensalidades dos planos de saúde, ficou no patamar de 19%, a maior variação já registrada no primeiro trimestre de um ano. A título de comparação, a inflação geral do País, medida pelo IPCA, ficou em 9,4% no mesmo período.

Isso significa que no mesmo período em que quase 2 milhões de beneficiários deixaram a saúde suplementar, ou seja, havia menos pessoas para utilizar os serviços, o custo do setor com internações, terapias, exames e consultas continuou crescendo em ritmo bastante acelerado e batendo recorde. Boa parte disso pode ser explicada pelo desperdício e a ineficiência do setor, assunto que tratamos ontem aqui no Blog.

Claro, também pesa no indicador a combinação de fatores circunstanciais (crise econômica e risco de desemprego) que podem ter potencializado os custos da saúde no Brasil. Uma possibilidade é que, por conta da crise financeira e com o receio de perda de emprego e, por extensão, do benefício do plano de saúde, muitas pessoas podem ter antecipado a realização de exames e consultas. O que poderia impactar na formação do VCMH, ainda que com uma relevância menor, já que o indicador não considera apenas a variação de custos dos procedimentos, mas a frequência de utilização destes.

Por fim, ainda pesam sobre o indicador a adoção de novas tecnologias sem uma análise de custo-efetividade sistemática e a mudança demográfica pela qual estamos passando, com o envelhecimento da população antes do enriquecimento do País. Dois assuntos que também são frequentes por aqui, como pode ser visto no post Eficiências e ineficiências das novas tecnologias aplicadas à saúde, de 14 de setembro do ano passado.

De qualquer forma, o resultado acende uma luz de alerta!