Nos últimos dois anos, a Baixada Santista perdeu 32.881 usuários de planos de saúde, uma queda de quase 5%: de 726.885 em setembro de 2014, para 694.004 no mesmo mês deste ano. Os números são de levantamento oficial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Se a comparação se estender aos últimos seis anos, é possível identificar que a região vinha crescendo em usuários de plano desde 2008, mas a curva começa a inverter de 2014 para cá.

Enquanto a população cresceu, o número de segurados regrediu, especialmente após a crise econômica, que gerou milhares de desempregados que tinham convênio médico empresarial. O caminho natural dessas pessoas é o Sistema Único de Saúde (SUS), que se já sofria com a falta de recursos, agora está ainda mais sobrecarregado.

O impacto da crise é constatado claramente quando se verificam os dados da ANS. De 2008 até 2014, a quantidade de pessoas com plano de Saúde só aumentou, passando de 676.353 usuários para 726.885 – alta de mais de 7%. Justamente a partir daí começou a cair.

A presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Solange Beatriz Palheiro Mendes, afirma que o setor vem sentindo os impactos da retração da atividade econômica do País, o que se reflete diretamente na queda acentuada no número de beneficiários.

“Aproximadamente 66% dos vínculos contratuais são de planos coletivos empresariais. Ou seja, o segmento está muito associado ao comportamento da economia, à geração de emprego formal e renda. A FenaSaúde acredita no processo de estabilização da economia para que a saúde suplementar comece a registrar o retorno do equilíbrio à medida que os beneficiários recuperarem seus empregos e poder aquisitivo”.

No entanto, diz ela, o momento econômico só acentua os problemas estruturais do setor, que implicam no aumento dos custos da assistência à saúde privada – fator que, aos poucos, exclui os consumidores, independentemente do cenário macroeconômico. Para Solange, é necessário rever questões como aumento da frequência de uso dos recursos médicos, falta de gestão adequada e fraudes.

“A incorporação de novas tecnologias e de procedimentos obrigatórios ao Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, sem a análise crítica da relação custo-benefício, e desperdícios precisam ser amplamente debatidas pela sociedade para viabilizar, a médio prazo, a sustentabilidade da saúde suplementar”.

Desafio

A Unimed do Brasil, maior rede de assistência médica do País, afirma ser um desafio comum às operadoras enfrentar a queda no número de beneficiários. “Como a maioria das empresas brasileiras, o Sistema Unimed sofreu impactos da crise econômica. No entanto, a gestão autônoma de cada Unimed representa uma grande vantagem competitiva, já que é possível desenvolver iniciativas que levam em consideração a realidade econômica local e o perfil social dos clientes”.

Ainda conforme a Unimed, toda a cadeia de saúde suplementar está enfrentando desafios devido à alta de custos, mudanças no perfil demográfico, desemprego, crise econômica e excesso de regulação.

“Isso representa um impacto direto nos índices de sinistralidade, que já alcança média de 82% no mercado. O índice de envelhecimento da população do país já chega a 34,1 (relação entre o número de pessoas com 65 anos ou mais, sobre o número de pessoas que têm até 14 anos), e 12% dos beneficiários brasileiros possuem 60 anos ou mais”.

A Unimed diz que estudos comprovam que exames preventivos costumam ser cortados por pessoas que possuem restrições financeiras, “só que tratar a doença é geralmente mais custoso do que preveni-la”.

Reforma

A Unimed do Brasil defende uma reforma no modelo de atenção à saúde. A cooperativa busca mudar a maneira como são organizadas as práticas de saúde em benefício da qualidade de vida das pessoas.

“Para isso, instituiu em 2011 o Comitê de Atenção Integral à Saúde (CAS), com o objetivo de incentivar e auxiliar as operadoras de saúde Unimed na implantação de um modelo que tem como base a Atenção Primária, integrando prevenção, vigilância, prestação de assistência e reabilitação ao cliente”.