Prontuários eletrônicos, cartões SUS ou de planos de saúde, campanhas de vacinação, comissões de infecção hospitalar e reportes ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus) ou à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) já são alguns dos mecanismos para a coleta e análise de informações em Saúde no Brasil.

A esses dados estruturados, somam-se os não estruturados, conhecidos como big data. Isso significa que o planejamento de estratégias e a tomada de decisão no setor agora também podem contar com as inúmeras informações geradas pelos wearable devices (dispositivos vestíveis), redes sociais e aplicativos móveis.

A expectativa é que, aliado ao Analytics, conceito de análise estatística dos dados que envolve modelagem preditiva, data mining (mineração dos dados) e forecasting (previsão), entre outras ferramentas, a tendência seja um marco de transformação do segmento.

“Com os avanços tecnológicos, atingimos a Quarta Onda da Saúde, em que o envolvimento crescente do indivíduo na reunião de informações aprimora a emissão de alertas às condutas médicas, a formulação de hipóteses diagnósticas, o apontamento de melhores práticas de tratamento, a prevenção primária e o acompanhamento da evolução da saúde do paciente”, afirma o presidente da MV, Paulo Magnus, no blog da empresa.

Consultor de inovação e novos negócios em Mobilidade, Saúde e Big Data, Eduardo Prado, que também é colunista do portal Saúde Business, elenca as principais vantagens do Big Data em Saúde:

  • redução de desperdícios e custos,
  • melhoria nos cuidados dos pacientes,
  • pesquisa e desenvolvimento da indústria farmacêutica,
  • melhoria na transparência dos subsídios governamentais e
  • melhoria na monitoração da saúde digital.

O consultor cita como exemplo de sucesso o uso do conceito pela United Health, empresa que adquiriu a Amil em 2012. “O grupo utiliza big data de diferentes maneiras em vários nichos: na análise financeira, fraudes e monitoração de perdas, gestão de custos, gestão de benefícios farmacêuticos (“pharmacy benefit management”), melhorias clínicas entre outros.”

Em saúde pública, por meio de seu braço de tecnologia, a Optum Health, a empresa está realizando pesquisas em análise preditiva em parceria com o The National Patient-Centered Clinical Research Network (PCORnet – Rede Nacional de Pesquisa Clínica Centrada no Paciente).

“Em um momento que a ‘espiral de custos’ ameaça as Organizações de Saúde em todo mundo, a contribuição dessa tecnologia no negócio realmente poderá ser representativa. Nos EUA estima-se que a ajuda do big data na redução dos custos giraria em torno de 8% dos gastos anuais nesse segmento, o que representa US$ 300 bilhões dos gastos totais”, complementa Prado.

“O uso de big data na área da saúde trará importantes ganhos em termos de dinheiro, tempo e vidas e precisa ser ativamente defendido por cientistas de dados e epidemiologistas”, conclui o professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) Alexandre Dias Porto Chiavegatto Filho, em artigo publicado na Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde.