Os beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares estão realizando cada vez mais procedimentos de assistência à saúde. Entre 2013 e 2018, o setor perdeu 1,5 milhão de vínculos, mas o total de serviços de saúde per capita passou de 22,8 para 29,7. No total, em 2018, foram realizados 1,4 bilhão de procedimentos de assistência médico-hospitalar, 5,4% a mais do que em 2013. O que elevou as despesas assistenciais (os gastos das operadoras de planos de saúde com os pacientes em suas carteiras) de R$ 92 bilhões, em 2013, para R$ 160 bilhões no ano passado. Alta de 74%. Os números integram a análise especial do Mapa Assistencial, que acaba de ser publicada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).

Parte significativa deste aumento se deve a maior preocupação do brasileiro com sua saúde mental. Nos últimos cinco anos, o número de consultas com psiquiatras passou de 3,4 milhões para 4,9 milhões, um crescimento de 44,5%, destacando-se entre as consultas médicas ambulatoriais por especialidades. Em “outros atendimentos ambulatoriais”, o total de sessões com psicólogos quase dobrou no mesmo período, indo de 9,1 milhões para 17,6 milhões – uma diferença de 93,8%. E as consultas com terapeutas ocupacionais avançaram de 818,6 mil para 1,9 milhão – alta de 137,8%.

José Cechin, superintendente executivo do IESS, aponta que essa mudança acompanha um agravamento do quadro de saúde mental nos últimos anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o País com o maior número de pessoas ansiosas no mundo (9,3% da população) e 5,8% dos brasileiros sofrem de depressão. “Apesar de os dados indicarem um cenário preocupante, vemos uma evolução no debate sobre essas questões. É fundamental abrir espaços para que as pessoas possam falar sobre o assunto e o levantamento confirma que os beneficiários estão procurando a ajuda de profissionais”, destaca.

Dados OMS também indicam que entre 35% e 50% das pessoas com transtornos mentais em países de alta renda não recebem tratamento adequado e, nos países de baixa e média renda, o porcentual é ainda maior, ficando entre 76% e 85%. Ainda de acordo com a entidade, a cada 45 minutos, uma pessoa comete suicídio no Brasil e 90% das vezes o caso está associado a algum distúrbio mental.

“É fundamental acabar com os preconceitos que ainda existem acerca deste tema para reverter este quadro e o aumento na procura por serviços de saúde suplementar relacionados à saúde mental indica que estamos dando um importante passo na desmistificação do assunto”, avalia Cechin. “A saúde mental não é motivo para vergonha, mas exige cuidados como o restante do corpo. Talvez até mais”, completa.