Pelo menos 1,33 milhão de pessoas cancelaram o plano de saúde, no Brasil, entre março deste ano e do ano passado. E 52% desse total reside no Estado de São Paulo. Ou seja, o Sistema Único de Saúde (SUS) ganhou, só no território paulista, uma injeção de quase 700 mil pacientes nos últimos meses.

 A Baixada Santista sentiu o baque. A rede de saúde suplementar perdeu 2,6% dos clientes – não foi possível apurar o número absoluto de desligamentos. Nas redes sociais de A Tribuna, internautas relataram que, ou cancelaram o plano de saúde ou o trocaram por outro mais barato.

Os números foram divulgados ontem pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que atribui à crise econômica nacional a desaceleração do mercado de planos de contratação coletiva empresariais e o desemprego.

Havia 11,1 milhões de desocupados no primeiro trimestre deste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ainda em nível estadual, todas as regiões metropolitanas apresentaram índices negativos. Campinas foi a que mais perdeu beneficiários, com queda 6,8%, seguida da Capital, que com 4,3% de pacientes a menos na rede suplementar num período de 12 meses.

O superintendente executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro, confirma. “Há um vínculo forte entre o mercado de trabalho e o plano de saúde, pois esse é um benefício muito valorizado pelos trabalhadores. O aumento do desemprego nas áreas mais desenvolvidas, caso principalmente do Estado de São Paulo, torna inevitável o impacto na saúde suplementar”, avalia ele.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência Social, indicam proximidade entre o número de demitidos e dos cancelamentos dos planos de saúde.

Entre março de 2015 e março de 2016, o número de demissões superou o de contratações em 1,88 milhão de pessoas, ante 1,33 milhão de clientes de planos a menos.

Na Região Sudeste eram 31,29 milhões de beneficiários em março de 2015, contra 30,12 milhões em março deste ano. A diferença o que corresponde a uma redução de 3,8% na comparação anual.

Estatísticas apresentam queda significativa no número de convênios

Para onde vão?

Na prática, em âmbito nacional, significa que o próprio paciente paga serviços particulares ou o SUS vai precisar bancar seu atendimento. Hoje, a saúde suplementar tem 240,5 ambulatórios para cada 100 mil pacientes. No SUS, são 37,1 a cada 100 mil pessoas.

Por outro lado, o SUS ganha em emergências: São 10 mil estabelecimentos (4,9 a cada 100 mil pessoas), contra 2.114 dos planos de saúde (4,3 para cada 100 mil pessoas).

Algumas prefeituras da Baixada Santista já afirmam sentir os reflexos no atendimento. Mongaguá, por exemplo, anuncia estar erguendo três unidades de saúde.

Na contramão

O número de operadoras de planos de saúde médico-hospitalares no Brasil cai ano a ano. Eram 1.242 em atividade em 2005, passou para 10.45 em 2010 e para 843 ano passado. Em contrapartida, o segmento de planos odontológicos cresceu 3,5 vezes entre 2005 e 2015, atingindo 22 milhões de vínculos em dezembro.

Mesmo assim, o aumento está longe do potencial apresentado. Em 2014, o crescimento tinha sido de 5,6% e, em 2013, teve alta de 8,2% nos novos contratos. O IESS afirma permanecer atento ao potencial de avanço do setor.