Pela primeira vez, em dez anos, o número de beneficiários de planos de assistência médica caiu. É o que aponta o Boletim da Saúde Suplementar  Indicadores Econômico – Financeiros e de Beneficiários, divulgado esta semana pela Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde). Contudo, os dados que mostram ligeira queda de 0,3% nos nove primeiros meses de 2015, ante idêntico período do exercício anterior, não preocupam as lideranças do setor. Não há motivação para prognósticos alarmantes. A retração não foi tão acentuada, mesmo diante do atual cenário econômico, afirma o diretor-executivo da entidade, José Cechin.

Segundo ele, o resultado da pesquisa consolida o que indicam as pesquisas de opinião, segundo as quais o plano de saúde, atualmente, é o terceiro item de maior relevância para os consumidores, atrás de educação e da casa própria. Só em último caso, os brasileiros abrem mão do plano de saúde, acrescenta o executivo.

De qualquer forma, a desaceleração do sistema de saúde suplementar está em sintonia com o fraco desempenho da atividade econômica e do mercado de trabalho.

Ainda assim o levantamento da Fenasaúde, ao levar em conta também o total de pessoas que possuem planos exclusivamente odontológicos  área que cresceu 5%  revela que o setor de planos de saúde apresenta expansão 1,2% no número de beneficiários, entre os dois períodos comparados. Tal universo é composto por 72,1 milhões de consumidores, dos quais 50,3 milhões têm planos de assistência médica e 21,9 milhões, planos exclusivamente odontológicos.

Setor mais afetado

A Fenasaúde constata que o segmento de planos coletivos empresariais, contratados pelas empresas para os seus empregados, foi o maior responsável pela queda do indicador. Este tipo de contratação saiu de um patamar de crescimento de 6,3% entre setembro de 2012 e setembro de 2013, para uma taxa negativa de 0,1%, em setembro de 2015 ante igual mês do ano anterior.

Outro dado importante da pesquisa é que a maioria das pessoas opta por planos de assistência médica com segmentação hospitalar e ambulatorial, alternativa escolhida por 84,4% do setor, o equivalente a 42,4 milhões de beneficiários.

No que se refere à abrangência de cobertura territorial, os planos de assistência médica que oferecem atendimento em todo o País representam 42,7% e os que cobrem por grupos de municípios, 40,5%.

A federação constatou também que a maior expansão por faixa etária (3,4%) foi entre 34 e 38 anos. Em seguida, com 3,3%, estão aqueles com idade acima de 59 anos.

Já o Caderno de Informações da Saúde Suplementar, publicado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) indica que, de janeiro a setembro de 2015, a entidade recebeu 269,3 mil demandas de consumidores, das quais 196.931 foram solicitações de informação e outras 72.416 foram reclamações contra operadoras. Segundo a ANS, mais de 73% das queixas estavam relacionadas a aspectos de cobertura dos procedimentos contratados.

A ANS concluiu a sua Agenda Regulatória para o período 2016/2018, instrumento de planejamento que agrega um conjunto de temas estratégicos e prioritários necessários para o equilíbrio do setor. São quatro eixos estruturantes: Garantia de Acesso e Qualidade Assistencial, Sustentabilidade do Setor, Integração da Saúde Suplementar com o Sistema Único de Saúde (SUS) e Aprimoramento das Interfaces Regulatórias. A partir desses eixos a agência delineou 12 macroprojetos para orientar as ações a serem desenvolvidas nos próximos três anos.