A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou dia 04/02, data que marca o Dia Mundial do Câncer, um novo relatório sobre a incidência global de câncer. De acordo com a entidade, até 2040 a doença deve atingir algo entre 29 e 37 milhões de novos casos, um aumento médio de 60% em comparação aos 18,1 milhões de pessoas diagnosticada com tumores malignos ao redor do planeta em 2018.

Se considerados apenas os países em desenvolvimento, a realidade é ainda mais preocupante: o crescimento dos casos de câncer deve chegar a 81% nas próximas duas décadas. Nestes países também há maiores taxas de mortalidade em decorrência da condição.

“A realização de exames periódicos, essenciais para o diagnóstico precoce, e mudanças simples nos hábitos de vida, tais como praticar exercícios físicos com regularidade, manter uma alimentação saudável, evitar o consumo exagerado de bebidas alcoólicas e não fumar, são essenciais para a redução desses índices” comenta Daniel Gimenes, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – unidade Oncoclínicas em São Paulo.

O especialista frisa que, se por um lado, nos países mais ricos temos um aumento de casos de câncer dentro de um limite esperado, ligado em grande parte ao aumento da expectativa de vida e ao consequente envelhecimento da população, em países em desenvolvimento a principal causa de câncer ainda está relacionado ao baixo investimento em prevenção.

“O acesso à informação sobre cuidados básicos com a saúde, combate ao tabagismo e vacinação contra Hepatite B – aliado importante na redução dos riscos de câncer de fígado – e a contra o papilomavírus humano (HPV) – responsável por 90% dos diagnósticos de câncer de colo de útero – figuram no topo da lista de medidas que precisam ser adotadas no enfrentamento na diminuição dos riscos de câncer. Além disso, o incentivo à realização de exames preventivos é essencial para o diagnóstico precoce de tumores, o que garante uma melhor resposta aos tratamentos”, frisa o Dr Daniel.

A OMS informa ainda em seu comunicado oficial que a partir de um compromisso de todos os países em assegurar melhorias nas frentes de prevenção e diagnóstico do câncer em fase inicial seria possível salvar ao menos 7 milhões de vidas ao longo da próxima década. A análise, complementarmente, avalia que países desenvolvidos têm adotado programas de prevenção, diagnósticos precoces e detecção que, associados a melhores tratamentos, contribuíram na redução de 20% na taxa de mortalidade prematura por câncer entre 2000 e 2015. Já nos países em desenvolvimento, a redução foi de apenas 5%.

Brasil terá 625 mil novos casos de câncer em 2020

A estimativa recém divulgada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) e pelo Ministério da Saúde aponta que haverá um leve aumento nos índices de incidência de câncer no país neste ano. São esperados 625 mil novos casos, enquanto em 2019 o país teve cerca de 600 mil diagnósticos da doença. O estudo mostra ainda que cerca de 70% das ocorrências devem ser registradas na região Sudeste, onde a subnotificação é menor do que em outras localidades do país. Também estima-se que, nesta região, assim como nos países desenvolvidos, o câncer pode ultrapassar as doenças cardiovasculares como a principal causa de morte até 2030.