O grupo de saúde São Francisco está investindo, neste ano, R$ 60 milhões em expansão orgânica e concluindo a aquisição de uma operadora de convênio médico, cujo nome não foi revelado. O montante é mais do que o total aplicados nos últimos três anos. O aumento deve-se à entrada da gestora de private equity Gávea, que adquiriu 29% do capital da empresa em setembro do ano passado, e acelerou os projetos de crescimento da empresa.

A decisão sobre o plano de expansão foi tomada antes das notícias sobre a delação premiada da JBS, que deflagrou uma crise política no Brasil, mas ainda assim o Grupo São Francisco afirma que mantém os projetos. “Acreditamos no país. Crescemos na crise. Entendemos que o Brasil sairá mais forte após tudo apurado”, informa nota da companhia.

Fundado em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, o Grupo São Francisco tem uma operadora de planos de saúde e dental com 920 mil usuários e receita líquida de R$ 1,1 bilhão. Além da operadora, é dono de dois hospitais, mais de 50 clínicas e 10 laboratórios e uma empresa de resgate com 110 ambulâncias que atendem as rodovias privatizadas.

A expectativa do Grupo São Francisco é encerrar 2017 com faturamento de R$ 1,3 bilhão, alta de 22% em relação a 2016. Esse valor não inclui as aquisições de operadoras de planos de saúde. Nesta semana, o grupo fechou a compra de um prédio que abrigará um novo hospital em Araraquara, também no interior paulista. Serão aplicados R$ 44 milhões na unidade que terá entre 80 e 100 leitos a ser inaugurada daqui seis meses.

O modelo de negócio do São Francisco é a venda de planos de saúde com rede verticalizada. Neste ano, já foram inaugurados dois pronto atendimentos e um terceiro será aberto nos próximos meses, no interior de São Paulo. As praças de interesse para construção de hospitais são as cidades do interior paulista e o Centro-Oeste.

Em 2007, o São Francisco passou por um forte crescimento nas regiões com usinas de cana de açúcar, mas diante da quebradeira deste setor o grupo de saúde migrou para as cidades com economia baseada no agronegócio.

Outra área prioritária dentro do grupo é a de tecnologia, que receberá aportes de R$ 15 milhões neste ano. Um dos projetos considerados bem sucedidos é um aplicativo de acompanhamento médico em que os usuários do convênio podem esclarecer dúvidas. “Temos uma central com cerca de 70 pessoas, entre funcionários, médicos e enfermeiros que tiram as dúvidas dos clientes em tempo real”, disse Lício Cintra, presidente do Grupo São Francisco. Ele destaca que a iniciativa é bem-sucedida, com adesão de 60 mil pessoas, porque trata-se de um misto de central telefônica e aplicativo. “Em saúde, não dá para ser só tecnologia, precisa ter uma interação humana”, complementou.

Segundo Cintra, no grupo dos 60 mil clientes que usam o aplicativo, houve uma queda de 25% em consultas médicas e visitas ao pronto-socorro. Com isso, a expectativa é que a taxa de sinistralidade tenha uma redução de cinco pontos percentuais. “Outro motivo que nos deixou surpresos é que o usuário do app tem uma idade média de 48 a 50 anos”, conta.

O grupo São Francisco começou a oferecer também telemedicina. Os pacientes que estão em praças muito distantes sem oferta de médicos especialistas podem fazer a consulta por meio da web. Neste caso, o paciente vai até um consultório de um clínico geral que o acompanha neste tele atendimento com o médico especialista.