No artigo “Como resolver a crise de custos na saúde”, publicado no Brasil pelo portal Conexão Home Care, os professores e pesquisadores de Harvard Michael Porter e Robert Kaplan propõem um novo olhar sobre a gestão e composição de custos no setor.

Os especialistas defendem que essa nova abordagem pode, também, trazer mais valor ao ciclo da assistência e evitar os conflitos entre as equipes clínicas e de gestão. Entre as oportunidades mais promissoras citadas no artigo estão:

1) Eliminar variações desnecessárias em processos ou processos que não agreguem valor – Para isso, é necessário definir métricas de custos e resultados, especialmente para cirurgiões. Com essa base de dados, é possível organizar discussões para definir os melhores padrões de tratamento, reduzir a variabilidade e o uso de materiais caros que não produzam comprovadamente os melhores resultados.

2) Melhorar a utilização da capacidade de recursos – Utilizando o método time-driven activity-based costing (TDABC – sistema de custeio baseado em atividade e tempo), os administradores poderão estimar com mais precisão a utilização dos recursos, para projetar o aumento de ofertas, exclusão ou diminuição de recursos ociosos e mapear gargalos na atenção aos pacientes. Os pesquisadores também alertam que a estratégia de oferecer serviços generalizados para todo o tipo de problema de saúde leva a redundâncias onerosas em todo o sistema de saúde e resultados clínicos inferiores aos de centros especializados, que atendem volumes maiores de casos semelhantes.

3) Executar processos certos nos lugares certos – Porter e Kaplan defendem o cálculo exato de prestar um mesmo serviço em distintas instalações, evitando o uso de métodos como o do custo direto médio, que leva à alocação incorreta de despesas fixas. A ideia é evitar que os serviços sejam prestados em instalações complexas e que sejam utilizados apenas os recursos realmente necessários, o que levará a um custo menor.

4) Casar capacitação clínica com processo – Como no caso citado acima, o objetivo é evitar que profissionais superqualificados e, portanto, com custo mais alto, sejam alocados para atendimentos mais simples e que não requeiram tamanho nível de capacitação. Os mapas de processos do TDABC podem ajudar nessa nova organização das equipes para buscar maior valor agregado na assistência.

5) Encurtar a duração dos ciclos – Reduzir os tempos de espera, tratamentos e internação reduz também a demanda da capacidade de recursos. A chave para isso é melhorar os fluxos de processos e reduzir as redundâncias.

6) Buscar otimização pelo ciclo completo da assistência – Em vez de se organizar por especialidade e serviços, os prestadores de assistência à saúde deveriam atentar-se ao ciclo completo de atendimento, eliminando processos administrativos e clínicos redundantes e identificando atividades pelas quais hoje não se cobra, como a orientação dada pelos enfermeiros aos paciente e reuniões de equipes de atendimento multidisciplinar.