A crise econômica que já dura quase três anos no país tem dificultado o acesso do brasileiro a planos de saúde. Dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) mostram que somente durante o ano de 2016, o número de beneficiários de planos caiu 2,78%.

A diminuição no número de usuários coincide com o momento em que o governo atravessa problemas de caixa e tenta controlar despesas. As mais de um milhão de pessoas que perderam a assistência médica no ano passado devem agora aumentar a fila do Sistema Único de Saúde – e demandar ainda mais do orçamento do governo.

1,367 milhão

usuários que deixaram de ter planos de saúde em 2016

A dificuldade no acesso a planos privados de assistência médica não começou em 2016. Depois de atingir o ápice de mais de 50 milhões de usuários no final de 2014, o número vem diminuindo mês após mês. De lá até o fim do ano passado, cerca de 2,5 milhões de pessoas perderam o acesso a planos privados de assistência.

Dificuldade de acesso a plano privados

 

Os 47,8 milhões de beneficiários registrados em dezembro de 2016 fazem o país retroceder ao mesmo patamar que tinha em março de 2013.

Impacto no corporativo

A redução no número de beneficiários tem a ver com a crise e com a perda de renda das pessoas, o que obriga as famílias a abrirem mão de alguns gastos. Mas especificamente no setor de planos de saúde, o impacto acontece também por outra via: a perda do emprego formal.

A modalidade de plano de assistência médica privada mais comum no Brasil é o “coletivo empresarial”. Esses planos são os que empresas oferecem a seus funcionários e às famílias, geralmente custeando pelo menos parte da mensalidade.

Acontece que em 2016 o Brasil fechou 1,3 milhão vagas de emprego formal, segundo dados do Ministério do Trabalho. Sem o emprego, o plano corporativo deixa de existir na maioria dos casos. A categoria de planos empresariais foi justamente a que mais perdeu beneficiários: 920 mil do total de 1,367 milhão.

Impacto do desemprego

 

Em nota, o IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar) disse acreditar que a queda só não foi maior graças à cultura do brasileiro de dar prioridade aos gastos com saúde. Segundo o Instituto, mesmo quando o cidadão perde renda, a saúde é uma das despesas que ele mais evita cortar. A retomada do setor, no entanto, só deve acontecer caso o país volte a criar vagas de emprego formal.

“Enquanto a economia do país não reagir e o saldo de empregos voltar a crescer, o setor de saúde suplementar, provavelmente, continuará a ver beneficiários, infelizmente, optando por romper vínculos com as operadoras de planos de saúde”

Trecho de nota do IESS