A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou no início de janeiro uma lista com as 10 maiores ameaças para a saúde global em 2019.

O objetivo é orientar os profissionais de saúde em todo o mundo para que atinjam as metas do novo plano estratégico da entidade, que busca garantir que 1 bilhão a mais de pessoas se beneficie do acesso à cobertura universal de saúde.

Conhecer as tendências e preocupações globais nessa área é o tipo de informação estratégica que você, como gestor de uma operadora de saúde, não pode ignorar.

Continue lendo para entender melhor quais são as principais ameaças para a saúde global previstas pela OMS:

1- Poluição do ar e mudanças climáticas

Nove em cada dez pessoas respiram ar poluído todos os dias. Em 2019, a poluição do ar é considerada pela OMS como o maior risco ambiental para a saúde.

Poluentes microscópicos no ar podem penetrar nos sistemas respiratório e circulatório, danificando os pulmões, coração e cérebro, matando 7 milhões de pessoas todos os anos de doenças como câncer, derrames, doenças cardíacas e pulmonares.

2 – Doenças crônicas não transmissíveis

As doenças não transmissíveis, como diabetes, câncer e doenças cardiovasculares, são responsáveis por mais de 70% de todas as mortes no mundo.

Isso equivale a 41 milhões de pessoas por ano, sendo que mais de um terço delas são mortes prematuras, de pessoas com idade entre 30 e 69 anos.

O aumento dessas doenças tem sido impulsionado por cinco fatores de risco principais: uso do tabaco, inatividade física, uso nocivo do álcool, dietas pouco saudáveis e poluição do ar.

Esses fatores de risco também exacerbam os problemas de saúde mental, que podem se originar desde cedo.

Segundo a OMS, metade de todas as doenças mentais começa aos 14 anos, mas a maioria dos casos não é detectada ou tratada. Isso influencia nas altas taxas de suicídio entre jovens de 15 a 19 anos.

3 – Pandemia de influenza

De acordo com a OMS, é certo que o mundo enfrentará outra pandemia de gripe. A questão é saber quando ela vai acontecer e quão severa será.

A circulação dos vírus da gripe é constantemente monitorada para detectar potenciais cepas pandêmicas. Todos os anos a entidade recomenda quais cepas devem ser incluídas na vacina contra gripe para proteger as pessoas da gripe sazonal.

No caso de uma nova cepa da gripe desenvolver potencial pandêmico, a OMS tem condições de garantir acesso efetivo e equitativo a diagnósticos, vacinas e tratamentos antivirais, especialmente em países em desenvolvimento.

4 – Cenários de fragilidade e vulnerabilidade

Mais de 1,6 bilhão de pessoas (22% da população mundial) vivem em locais onde crises prolongadas e serviços de saúde frágeis os deixam sem acesso aos cuidados básicos.

Existem configurações frágeis em quase todas as regiões do mundo, e é onde a metade das metas-chave dos objetivos de desenvolvimento sustentável, incluindo a saúde materna e infantil, permanece sem atendimento.

A OMS quer fortalecer os sistemas de saúde destes países, de modo que eles estejam mais bem preparados para detectar e responder aos surtos, bem como para fornecer serviços de saúde de alta qualidade, incluindo a imunização.

5 – Resistência antimicrobiana

O desenvolvimento de antibióticos, antivirais e antimaláricos são alguns dos maiores sucessos da medicina moderna. Mas agora, o reinado dessas drogas está chegando ao fim.

O aumento da resistência antimicrobiana ameaça nos mandar de volta a uma época em que não conseguimos tratar facilmente infecções como pneumonia, tuberculose, gonorreia e salmonelose.

Se isso ocorrer, a incapacidade de prevenir infecções vai comprometer gravemente procedimentos como quimioterapia e cirurgias em geral.

Segundo a OMS, é preciso implementar um plano de ação global para combater a resistência antimicrobiana aumentando a conscientização e o conhecimento, reduzindo a infecção e incentivando o uso prudente de antibióticos.

6 – Ebola e outros patógenos de alto risco

Em uma conferência sobre Preparação para Emergências de Saúde Pública, realizada em dezembro passado, os participantes dos setores de saúde pública, saúde animal, transporte e turismo concentraram-se nos desafios crescentes de combater surtos e emergências de saúde em áreas urbanas.

Eles pediram que a OMS e os parceiros designassem 2019 como um “Ano de ação sobre a preparação para emergências de saúde”.

Entre as doenças e patógenos que têm potencial para causar uma emergência de saúde pública, mas carecem de tratamentos e vacinas eficazes, estão o Ebola e várias outras febres hemorrágicas, Zika, Nipah, coronavírus da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS).

O alerta inclui até mesmo a “doença X”, que representa a necessidade de se preparar para um patógeno desconhecido que poderia causar uma epidemia grave.

7 – Deficiências na atenção primária

A atenção primária é geralmente o primeiro ponto de contato que as pessoas têm com seu sistema de saúde.

De forma ideal, ela deve fornecer cuidados abrangentes, acessíveis e baseados na comunidade ao longo da vida do paciente.

Os cuidados primários podem satisfazer a maioria das necessidades de saúde de uma pessoa ao longo da sua vida, sendo fundamentais para se alcançar a cobertura universal de saúde.

No entanto, muitos países não possuem instalações de atenção primária adequadas.

Segundo a OMS, essa negligência pode ser decorrente de falta de recursos em países de baixa ou média renda.

Mas possivelmente também são causadas pelo fato de que os serviços de saúde nas últimas décadas têm focado mais em programas voltados a doenças específicas.

8 – Restrições à vacinação

Apesar da ampla disponibilidade de vacinas, a relutância ou a recusa em vacinar a si mesmo ou aos filhos hoje ameaça reverter o progresso feito no combate a diversas doenças.

A vacinação é uma das formas mais econômicas de se evitar doenças. Essa prática previne de 2 a 3 milhões de mortes por ano, sendo que outras 1,5 milhões também poderiam ser evitadas se a cobertura global de vacinação melhorasse.

O sarampo, por exemplo, registrou um aumento de 30% nos casos em todo o mundo. As razões para esse aumento são complexas, e nem todos os casos se devem ao movimento antivacina.

No entanto, alguns países que estavam perto de eliminar a doença recentemente tiveram um aumento no número de casos. O Brasil é um deles.

As razões pelas quais as pessoas escolhem não vacinar são complexas; um grupo consultivo de vacinas para a OMS identificou complacência, inconveniência no acesso a vacinas e falta de confiança são as principais razões subjacentes à hesitação.

Os profissionais de saúde continuam sendo os conselheiros e influenciadores mais confiáveis das decisões de vacinação, e devem ser apoiados para fornecer informações confiáveis e confiáveis sobre as vacinas.

9 – Dengue

A dengue, uma doença transmitida por mosquitos que causa sintomas semelhantes aos da gripe e pode ser letal em até 20% dos casos, é uma ameaça crescente há décadas.

Estima-se que 40% do mundo está em risco de dengue, e existem cerca de 390 milhões de infecções por ano. A estratégia de controle da dengue da OMS visa reduzir as mortes em 50% até 2020.

10- HIV

O progresso feito contra o HIV tem sido enorme devido aos antirretrovirais (22 milhões de pessoas estão em tratamento) e a medidas preventivas, como profilaxia pré-exposição.

No entanto, a epidemia continua a se alastrar com quase um milhão de pessoas a cada ano morrendo de AIDS.

Desde o início da epidemia, mais de 70 milhões de pessoas adquiriram a infecção e cerca de 35 milhões de pessoas morreram. Hoje, cerca de 37 milhões de pessoas no mundo vivem com o HIV.

O que sua operadora pode fazer? Investir em prevenção!

Diante de todos estes desafios expostos pela OMS, fica claro que nem tudo pode ser resolvido apenas pelo esforço dos agentes de saúde.

Para combater boa parte das ameaças para a saúde global citadas neste artigo é necessária uma forte ação do poder público e a mudança de condições geopolíticas delicadas em diferentes partes do mundo.

Mas não se engane. Ainda há muita coisa que a sua operadora de saúde pode fazer para contribuir com esse desafio.

No que se refere à atenção primária e também à campanhas de imunização, há muito para ser feito pelos agentes públicos e privados de saúde.

Mas talvez a principal contribuição que a sua operadora possa dar está na implantação de programas de prevenção e controle de doenças crônicas.

Somente por meio de uma abordagem preventiva, focada na manutenção da saúde e não no tratamento doença, é possível melhorar a qualidade de vida dos beneficiários e reduzir os custos com tratamento de pacientes crônicos.