A falta de informação e o medo de se contaminar têm dificultado o atendimento aos pacientes que necessitam de acompanhamento médico para controlar doenças crônicas durante a pandemia de Covid-19.

Muitas operadoras já perceberam que seus beneficiários estão recorrendo menos às unidades de saúde e relutando em procurar auxílio médico por receio de serem infectados com o coronavírus no ambiente hospitalar.

Em entrevista para agência de notícias da Câmara dos Deputados, a presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica afirmou que o atendimento a pacientes com câncer no país já caiu pela metade desde o início de abril.

Na mesma reportagem, a presidente do Instituto Oncoguia revelou que 41% dos pacientes tratados pelo SUS e 35% dos pacientes na saúde suplementar tiveram seus tratamentos suspensos ou cancelados nesse período.

A queda tem sido ainda maior no tratamento de pacientes com problemas cardiovasculares.

Nos EUA, uma pesquisa feita com cardiologistas pelo site angioplasty.org revelou uma queda de até 50% no atendimento em alguns hospitais, além de um aumento de 800% nas mortes domiciliares por parada cardíaca na cidade de Nova York.

No Brasil, a situação dos pacientes cardíacos é semelhante. O Instituto do Coração (InCor) de SP, por exemplo, registrou uma queda de 50% nos atendimentos e deslocou parte da sua equipe para ficar na central, onde estão sendo tratadas as vítimas da COVID-19.

Diante desse quadro, as operadoras de saúde devem tomar as devidas medidas para não deixar desassistidos seus beneficiários portadores de doenças crônicas, incluindo aqueles que participam de programas de prevenção e promoção da saúde.

Quando é mais arriscado ficar em casa

A maioria dos portadores de doenças crônicas necessita de acompanhamento regular para monitorar a evolução do seu quadro de saúde e detectar o surgimento de complicações que podem ser fatais.

Caso isso não seja possível, as consequências podem ser muito graves, pois a demora em procurar ajuda médica pode agravar consideravelmente o quadro desses pacientes crônicos.

Essa, inclusive, pode ser uma das causas do aumento das mortes em casa que também vem sendo registrado nos últimos meses no Brasil.

Os especialistas alertam que até mesmo casos considerados simples podem evoluir rapidamente nesse período de isolamento social, caso o paciente negligencie os cuidados regulares com a saúde.

O medo de contrair o coronavírus tem feito muita gente deixar de procurar atendimento mesmo diante do agravamento de problemas cardiovasculares ou respiratórios, por exemplo.

Mesmo sem relação direta com a Covid-19, sintomas como cansaço extremo, dores no peito, falta de ar e tosse não devem ser ignorados, principalmente em alguém que já sofre de hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo ou colesterol alterado.

Por isso, sua operadora deve buscar conscientizar e tranquilizar os beneficiários portadores de doenças crônicas, para que eles se sintam seguros em procurar uma unidade de atendimento caso necessário.

É importante deixar claro para os usuários do plano que ir ao setor de medicina preventiva ou ao consultório médico é mais seguro do que fazer compras no supermercado, por exemplo.

Isso se deve a medidas protetivas rigorosas adotadas pelos profissionais de saúde e cuidados muito mais intensos com a desinfecção dos ambientes.

Não esqueça de comunicar todas as providências que estão sendo tomadas para garantir a sanidade e a segurança no ambiente de atendimento.

Fazer com que essa mensagem chegue claramente até sua base de beneficiários é a melhor forma de combater a desinformação e o medo, que neste momento podem ser tão prejudiciais à saúde quanto o próprio coronavírus.

Garanta a segurança nas unidades de atendimento

O tratamento de uma doença crônica só pode ser paralisado, interrompido ou levados a outra instância depois de uma avaliação médica.

Quando possível, a Agência Naciona de Saúde Suplementar (ANS) recomenda que os beneficiários procurem aconselhamento médico por telefone ou outras tecnologias para troca de informações e orientações.

Além disso, boa parte dos pacientes crônicos podem ser acompanhados remotamente por uma equipe de telemonitoramento.

Contudo, assim que for identificada alguma complicação é necessária a intervenção presencial de um profissional da saúde em ambiente médico-hospitalar.

Nesses casos, todo o protocolo padrão de cuidados contra a Covid-19 deve ser seguido rigorosamente, incluindo o uso de máscaras, a higienização das mãos e o isolamento dos pacientes quando possível.

Mas é preciso mais do que isso para garantir procedimentos seguros em hospitais e clínicas médicas.

Veja a seguir algumas ações que podem ser implantadas na sua operadora para aumentar a segurança para pacientes, acompanhantes e equipe:

  • Disponibilize entradas e instalações diferenciadas para os pacientes com suspeita de Covid-19 e os demais beneficiários em atendimento na unidade de saúde.
  • Todo o fluxo dos pacientes, desde a triagem até o dispensário, deve ser separado. Isso inclui manter duas equipes para atender exclusivamente cada um desses públicos.
  • Nas áreas de espera, além de higienização constante, é recomendável eliminar o uso de revistas, jornais e outros itens compartilhados.
  • Para os pacientes crônicos que necessitam de medicamentos de uso contínuo, uma boa ideia é adotar a renovação automática das receitas por até 90 dias.
  • Nas áreas de emergência, certifique-se de que as ações sejam rápidas, breves e resolutivas para reduzir o risco de exposição a portadores assintomáticos do coronavírus que eventualmente estejam no mesmo ambiente.
  • Nas áreas de consultório, mantenha um espaçamento maior entre os horários de agendamento das consultas para evitar reunir muitas pessoas nas salas de espera.