É mais do que mandatório ter clara a ideia de que a efetividade clínica só será alcançada definitivamente se todos começarem a pensar de uma mesma forma e sempre com um olhar voltado à importância de solucionar a difícil equação entre qualidade e custos. É preciso alinhar os pensamentos e garantir que todos estejam unidos e remando no mesmo sentido, rumo a um mesmo objetivo.

Estudos recentes mostram que a ineficácia dos cuidados dedicados aos pacientes pelos profissionais de saúde representa um fator de grande preocupação, pois calcula-se que menos de 35% do que é feito para os pacientes é realmente benéfico; aproximadamente 10% das ações embora mitiguem os problemas, acabam simultaneamente criando outros; e mais de 50% dos serviços são realizados sem evidências robustas. Além disso, não se pode esquecer dos erros médicos por medicação, que causam um efeito devastador, especialmente em um sistema de saúde como o do Brasil, que sofre com a falta de recursos para investir e desta forma melhor resolver o problema.

Dentro deste contexto, o foco no paciente é algo muito importante no ecossistema da saúde. Garantir que ele tenha a melhor experiência e o cuidado mais adequado disponível é algo que tem se preconizado muito em novos modelos de gestão. Uma mudança nesse sentido, aos poucos começa a ser percebida: o médico deixa de ser o centro e vemos um empoderamento do paciente, que tende a ser cada vez mais instruído no que diz respeito à sua saúde e ao tipo de assistência que recebe. Porém, este é um ponto ainda a ser evoluído.

Educar pacientes e envolvê-los nos cuidados com sua própria saúde é tão crucial quanto engajar os profissionais e pode ser uma receita de sucesso na busca da efetividade clínica. É preciso embasar e padronizar as escolhas que estão sendo feitas, pois decisões aleatórias levam à variabilidade no atendimento e resultam em custos altos de assistência.

Existe uma responsabilidade muito grande por parte das organizações de saúde em encontrar as melhores soluções, aquelas que sejam capazes de assegurar que médicos e pacientes tenham acesso prévio a informações que os ajudem a embasar a sua escolha e aumentem assim as chances dela ser a mais adequada e bem sucedida, tanto do ponto de vista da saúde do paciente, como também para a instituição.

No caso especificamente dos erros de medicação, no que tange o profissional essa educação deve contemplar o esclarecimento das causas comuns de erros de medicação e o apoio de ferramentas para auxiliá-los no uso seguro de medicamentos. Já do ponto de vista do paciente, é preciso considerar ações simples para que os pacientes possam estar ativamente envolvidos no gerenciamento do uso de seus medicamentos, fornecendo ferramentas de engajamento para abordar a não adesão ao tratamento e os impactos que isso traz para sua saúde. Alguns dados mostram, por exemplo, que a cada 100 prescrições emitidas, apenas entre 50 a 70 delas chegam às farmácias. Além disso, o paciente interrompe o tratamento por conta própria, o que pode ser crucial no insucesso do tratamento.

Concluindo, uma conduta correta e bem suportada por informações de qualidade e tecnologia de ponta diminui as chances de reincidência de internações, erros de prescrição de medicamentos, entre outros fatores que servem como uma catapulta para elevar os custos.