Os hospitais estão cada vez maiores. E, nos Estados Unidos, os mercados para serviços hospitalares tornaram-se cada vez mais concentrados, como resultado de unidades fechadas e consolidação, segundo um novo relatório. Economistas e governos dizem que essa tendência dá aos hospitais poder para negociar preços mais altos.

O atendimento hospitalar representa cerca de 30% dos gastos em saúde nos EUA, mais do que medicamentos prescritos no varejo e custos administrativos do seguro de saúde combinados. No entanto, o setor hospitalar frequentemente escapa das críticas que seguradoras e farmacêuticas enfrentam de legisladores e políticos que alertam para os crescentes custos médicos.

“Há um elefante enorme na sala, e esse elefante na sala representa custo unitário e preços”, disse Niall Brennan, presidente e CEO da organização sem fins lucrativos Health Care Cost Institute, que divulgou o relatório na terça-feira.

Com a consolidação, muitos economistas da área de saúde dizem que os hospitais aumentam seu poder de barganha para negociar preços mais altos com os planos de saúde. Isso, por sua vez, aumenta os prêmios de seguro. A pesquisa mostra consistentemente que “reduzir a concorrência hospitalar leva a preços mais altos para o atendimento hospitalar”, segundo relatório de 2018 do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA.

O setor hospitalar argumenta que a consolidação é benéfica. Segundo estudo recente da American Hospital Association, as fusões melhoram a qualidade dos serviços e reduzem os custos. Essa conclusão, no entanto, é contestada por economistas que estudam a questão.

A estratégia pode ser necessária para muitos hospitais sobreviverem devido ao aumento do atendimento médico prestado em lugares mais baratos, fora de hospitais de tratamento intensivo, como em clínicas de atendimento de urgência e centros cirúrgicos ou por telemedicina.

A concorrência está diminuindo. Em 2016, mercados hospitalares em 81 áreas metropolitanas dos EUA foram considerados altamente concentrados, em comparação com 75 em 2012, de acordo com o relatório do Health Care Cost Institute. Em dois terços das áreas metropolitanas estudadas, os mercados hospitalares ficaram mais concentrados entre 2012 e 2016.

O relatório baseou-se em uma medida comumente usada na análise antitruste que mede a concentração de um mercado com base na participação dos concorrentes. O estudo mediu apenas o mercado de internações, portanto, não reflete outros serviços, como visitas a ambulatórios ou imagens.

O grupo analisou dados de 4 milhões de pedidos de seguro para internações hospitalares entre 2012 e 2016 de seguradoras nacionais de saúde, incluindo UnitedHealth, Humana e a unidade Aetna da CVS Health. O relatório não tinha dados de todos os mercados.

As áreas metropolitanas mais concentradas em 2016 foram Springfield, Missouri; Peoria, Illinois; e Cape Coral, Flórida. Os mercados mais competitivos eram Nova York; Riverside, Califórnia; e Filadélfia.

Embora o relatório do Health Care Cost Institute não mostre que o aumento da concentração de mercado provoca aumento de preços, o estudo é consistente com outras pesquisas indicando que a redução da concorrência leva a preços mais altos.