A Febrasgo — Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia — ouviu mais de 1,5 mil pediatras, obstetras e ginecologistas entre os dias 20 de julho e 16 de agosto. O objetivo era avaliar a percepção dos profissionais sobre os cuidados à saúde de seus pacientes em meio a pandemia de covid-19.

Confira, abaixo, alguns dos principais resultados da pesquisa:

GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA

— 64% disseram que a rotina de assistência pré-natal com as pacientes foi alterada durante a pandemia.

— 57% afirmaram que a maior preocupação das gestantes durante o pré-natal é o medo de contaminação e transmissão vertical.

— 46% disseram que conseguiram realizar exames de acompanhamento no tempo certo e outros 46% disseram que suas pacientes encontraram dificuldades para realizá-los.

— 52% notaram um atraso no início das consultas pré-natal.

— 81% afirmaram que suas pacientes temem contaminação pela covid durante as consultas.

— 82% disseram que suas pacientes têm medo da internação hospitalar por ocasião do parto.

PEDIATRIA

— 63% acredita que os médicos e profissionais de saúde não estão trabalhando com estrutura física/insumos adequados e seguros.

— 69% dos médicos afirmaram que as mães continuaram amamentando na mesma intensidade e 25% disseram que elas amamentaram mais.

— 73% afirmaram que as crianças estão deixando de ser vacinadas neste período.

— 88% disseram que as crianças maiores tem apresentado alterações comportamentais, principalmente oscilações de humor.

— 83% disseram que existe temor entre as mães de infectar os próprios filhos através do contato.

— 61% disseram que o número de consultas sofreu uma queda acentuada e 33% uma queda moderada.

—  82% disseram que houve aumento de consultas por telefone, whatsapp e outros meios de comunicação.

TELEMEDICINA

Em abril, por causa da pandemia de coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei 13.989, que permite o uso da chamada telemedicina – consultas médicas virtuais – durante a pandemia de coronavírus. Embora a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) preconize as consultas presenciais, em tempos de exceção, como o que estamos vivendo, o atendimento à distância é, sim, uma alternativa possível, mas com ressalvas: “É preciso respeitar todas as normas estabelecidas para a realização da teleconsulta, inclusive a informação prévia ao paciente das restrições que tal procedimento pode ter”, diz o médico Fábio Guerra, diretor de Defesa Profissional da SBP.

Ainda de acordo com a legislação, o atendimento virtual deve seguir os mesmos padrões éticos do atendimento presencial, e o pagamento pelas consultas deve ser feito normalmente pelo paciente, não cabendo ao poder público custear atividades que não sejam exclusivamente prestadas pelo SUS. A SBP também defende que os preços das consultas virtuais deve ser o mesmo do aplicado para atendimentos presenciais. E caso, porém, não seja possível receber a receita digital, a orientação é procurar o pronto-socorro.

Sobre a troca de mensagens com os médicos em aplicativos de mensagens, em 2017, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou um parecer. Diz o texto: “Está claro que o médico pode receber mensagens no WhatsApp e responder, como sempre fez, atendendo telefonemas de pais aflitos com o filho pequeno, cuja febre não baixava e precisava ouvir o pediatra com recomendações seguras e tranquilizadoras. Todos os regramentos dizem respeito a não substituir as consultas presenciais ou aquelas para complementação diagnóstica ou evolutiva, a critério do médico, pela troca de informações à distância”.