Pesquisa realizada pela Aliança de Saúde Populacional (Asap) em parceria com a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) revelou um crescimento de 13% na modalidade coparticipação dos planos de saúde empresariais entre 2017 e 2020. Por meio da metodologia de enquete, foram ouvidas empresas de pequeno, médio e grande porte, nacionais e multinacionais. O estudo tinha por objetivo saber como as empresas vêm atuando em relação à gestão de saúde corporativa.

Pelos dados apresentados na pesquisa é possível perceber que, mesmo antes da pandemia, a modalidade coparticipativa já era tendência no meio empresarial. Em 2017, 59% das empresas adotavam essa categoria e, em 2020, subiu para 72%. A análise mostra também que 81% das corporações entendem a importância da saúde em suas organizações como média ou alta. Ainda assim, 83% acreditam que não conseguirão evitar aumento nos custos com saúde.

O presidente da Asap, Ricardo Ramos, diz que esse modelo de plano de saúde faz com que o trabalhador seja mais coerente na maneira como utiliza o benefício. “Ele empodera o trabalhador, o colaborador ou seu familiar, na tomada de decisão e também o responsabiliza sobre como ele está conduzindo sua saúde e o consumo dos recursos disponíveis na rede. O incentivo da coparticipação tenta equilibrar um pouco essa utilização para que ela não seja feita de maneira tão desenfreada buscando de alguma forma uma sustentabilidade maior no longo prazo”, explica.

Quando questionadas sobre medidas tomadas para conter custos com saúde, 53,9% das empresas que participaram da pesquisa, em 2017, disseram optar por coparticipação. Em 2020, esse número passou para 61,9%.

A pesquisa diz quem “em sua maioria, as empresas afirmam que se utilizam de estratégias e programas para melhoria da saúde, adotando processos e indicadores. Contudo, na prática, o que prevalece é a utilização da coparticipação e do sistema contributivo para os colaboradores, que são somente medidas de redução de custos”.

Ricardo esclarece que essa é uma medida administrativa adotada pela empresa, mas não gera, necessariamente, vantagens para a companhia. “Essa é uma tendência de mercado que já vinha sendo colocada em prática. No fundo, isso mostra que em um longo prazo nós não estamos conseguindo dar relevância para a gestão dos riscos populacionais envolvida nesse plano de saúde”. O presidente da Asap também explica que essa é uma tendência que vem desenhando nos últimos cinco anos no Brasil.

Como funciona

Planos de saúde com coparticipação costumam ter mensalidade mais baixa quando comparados a planos tradicionais. Isso acontece porque o usuário paga, além da cobrança mensal, uma parcela do atendimento.
Entre os serviços cobrados estão: consultas médicas, exames simples, exames especializados e internações.

A taxa a ser paga pode ser um valor fixo ou uma porcentagem do preço total do serviço utilizado. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a operadora só está proibida de cobrar o valor integral do procedimento, pois estaria dificultando o acesso do consumidor ao plano de saúde.

“A legislação brasileira não permite que a coparticipação aconteça em eventos hospitalares, bem como tem um limitador no valor mensal dessa coparticipação, porque, do contrário, isso pode impactar de maneira muito significativa no salário das pessoas”, esclarece Ricardo.