A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou ontem o uso emergencial da Coronavac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan.

A decisão abre caminho para que a Coronavac seja distribuída pelo Covax Facility, o consórcio global liderado pela OMS para garantir acesso mais equitativo aos imunizantes. Segundo a entidade, por ser facilmente armazenado, a vacina da Sinovac é “particularmente adequada” para aplicação em áreas com poucos recursos.

A OMS recomendou que a Coronavac seja usada em adultos com 18 anos ou mais, em um esquema de duas doses, com um intervalo de duas a quatro semanas entre elas. Segundo a entidade, a vacina “atende aos padrões internacionais de segurança, eficácia e fabricação”.

Embora ressalte que poucas pessoas com mais de 60 anos foram incluídas nos ensaios clínicos com a vacina, a OMS não determinou um limite máximo de idade para a aplicação do produto da Sinovac.

Em comunicado, a diretora-geral assistente da OMS, Mariângela Simão, afirmou que o mundo precisa “desesperadamente” de várias vacinas para lidar com a “enorme desigualdade de acesso” entre os países. Ela pediu que mais farmacêuticas participem do Covax Facility, compartilhando tecnologia e dados para que a pandemia possa ser controlada mais rapidamente.

A inclusão da Coronavac na lista de uso emergencial da OMS também possibilita que outros países aceitem a entrada de pessoas vacinadas com as duas doses do imunizante. A União Europeia (UE), por exemplo, que estuda reabrir suas fronteiras para turistas vacinados no próximo verão no hemisfério norte, indicou que só aceitaria vacinas aprovadas por sua agência reguladora ou pela OMS.

A Coronavac é a sexta vacina aprovada para uso emergencial pela OMS. Além dela, a entidade já deu sinal verde para os imunizantes da AstraZeneca /Oxford, Johnson & Johnson, Pfizer / BioNTech, Moderna e Sinopharm.

A Coronavac é a vacina mais utilizada no Brasil. As doses usadas no país são fabricadas no Butantan, em São Paulo. Mas a maior parte é produzida na China. Este ano já foram produzidas 510 milhões de doses da vacina. No total, 39 países fizeram acordos de compra e 36 já receberam doses. Os dados são da Airefinity, consultoria na área de saúde, sediada em Londres.

No começo do mês, outra vacina chinesa, produzida pelo laboratório estatal Sinopharm, já tinha recebido autorização para uso emergencial por parte da OMS.

Pelas projeções de Airfinity, a China terminará o ano como a maior produtora de vacinas contra a covid com 3,3 bilhões de doses, seguido pelos EUA com 1,9 bilhão e pela Índia com 1,7 bilhão.

O Butantan, instituição ligada ao governo de São Paulo, reagiu à decisão afirmando que “recebeu com satisfação e entusiasmo a notícia da aprovação, pela OMS, do uso emergencial da vacina contra o novo coronavírus desenvolvida em parceria com a biofarmacêutica Sinovac”.

O Butantan afirmou ainda que se trata de “vitória da ciência”. E lembrou que os dados de eficácia da vacina contaram com pesquisa clínica de fase 3 com 12,5 mil voluntários realizada no Brasil sob a coordenação do instituto entre julho e dezembro de 2020.