Não existem evidências indicando que pacientes crônicos sejam mais propensos à contaminação pelo novo Coronavírus.

Mas o fato é que as pessoas portadoras de doenças crônicas têm uma probabilidade muito maior de apresentar sintomas graves da Covid-19, que podem evoluir para internação ou óbito.

Enquanto a taxa de mortalidade do vírus entre pessoas saudáveis fica em torno de 1%, esse índice sobe para perto de 13% nos doentes crônicos.

É o que indicam os dados de um levantamento do governo chinês compilados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na prática isso significa que a Covid-19 é mais perigosa para portadores de doenças crônicas como hipertensão, cardiopatias, doenças renais e respiratórias.

E significa também que a sua operadora de saúde precisa estar preparada para dar uma atenção especial a esses pacientes durante a pandemia.

Que pacientes apresentam mais riscos?

Outro estudo, publicado pelo British Medical Journal (BMJ), avaliou a progressão da doença em 113 pacientes que morreram e em 161 recuperados na cidade chinesa de Wuhan, considerada o local de origem da pandemia.

Segundo os dados desse estudo, a hipertensão arterial é uma das comorbidades mais associadas às complicações fatais da Covid-19.

Entre os casos pesquisados, 48% dos pacientes que vieram a óbito apresentavam um quadro de pressão alta. Esse índice foi o dobro do percentual verificado nos recuperados, entre os quais apenas 24% eram hipertensos.

Outra doença considerada de alto risco para pacientes de Covid-19 é o diabetes. Na pesquisa publicada no BMJ, 21% dos pacientes mortos eram diabéticos. Entre os recuperados esse índice caiu para 14%.

Por sua vez, as doenças cardiovasculares foram detectadas em 14% dos mortos pelo novo coronavírus.

Aliada à presença de uma doença crônica, a pesquisa apontou que a idade avançada é outro importante fator de risco. A idade média entre os mortos pela Covid-19 foi de 68 anos, enquanto entre os recuperados a média foi de 51 anos.

Por que os doentes crônicos são mais sensíveis?

Pesquisadores das Universidade de São Paulo (USP) publicaram recentemente os resultados de uma pesquisa que pode explicar por que a mortalidade pela Covid-19 é maior entre portadores de doenças crônicas.

De acordo com o estudo, as alterações causadas por doenças como hipertensão, diabetes ou asma no metabolismo provocam um aumento na expressão do gene ACE-2 nas células do paciente.

Este gene é o responsável por codificar a proteína à qual novo coronavírus se conecta dentro da célula.

Ao aumentar a expressão do ACE-2, as doenças crônicas acabam favorecendo a infecção das células pulmonares pelo coronavírus e aumentando o risco de agravamento dos sintomas da Covid-19.

Mas cada doença em particular tem seus próprios fatores de risco para os indivíduos infectados.

Covid-19 em pacientes cardíacos e hipertensos

Nos portadores de doenças cardiovasculares, a circulação prejudicada pode causar debilidade dos pulmões e facilitar a evolução para os sintomas mais graves da Covid-19.

Além disso, muitos pacientes que já tiveram um ataque cardíaco ou que têm hipertensão crônica acabam ficando com o músculo cardíaco fraco.

Tal condição é preocupante, pois caso esses indivíduos sejam infectados seu coração precisará trabalhar ainda mais para compensar a falta de oxigênio vindo dos pulmões.

Esse estresse adicional no músculo cardíaco pode gerar um efeito cascata no organismo, afetando os rins e causando até uma falência múltipla de órgãos.

É importante observar ainda que um grande número de pacientes cardíacos fazem uso de medicamentos que podem favorecer sangramentos e contribuir para o agravamento da Covid-19.

Contudo, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) alerta para os riscos da suspensão de tratamentos e recomenda que cada caso seja avaliado individualmente pelo médico responsável.

O fundamental é que tanto os hipertensos quanto os pacientes cardíacos reforcem as medidas de prevenção, como o isolamento social.

Covid-19 em pacientes diabéticos

Os portadores de diabetes tipo 2 estão entre os doentes crônicos mais vulneráveis à Covid-19 por dois motivos principais:

  1. excesso de glicose no sangue
  2. tendência a inflamação

É sabido que tais condições enfraquecem as defesas do organismo e impedem que o sistema imunológico responda adequadamente a infecções virais e bacterianas de maneira geral.

Além disso, o sistema imunológico mais comprometido dos pacientes com diabetes pode fazer com que alguns sintomas da infecção pelo novo coronavírus demorem a aparecer.

Covid-19 em pacientes renais

Responsáveis pela filtragem do sangue, os rins são parte fundamental da resposta imunológica do organismo. Com estes órgãos debilitados, fica mais difícil combater o avanço da infecção por coronavírus.

Por esse motivo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também considera os portadores de doença renal crônica um grupo de risco para a Covid-19.

Além disso, é importante lembrar que muitos problemas renais decorrem de outras doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, o que significa um risco ainda maior de agravamento da infecção.

Outras doenças crônicas que agravam a Covid-19

Como se trata de uma infecção que ataca principalmente o sistema respiratório, a Covid-19 tem relação clara com pacientes portadores de asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

O novo coronavírus é conhecido por agravar doenças respiratórias preexistentes, causando um acúmulo ainda maior de secreção pulmonar e aumentando a sensação de falta de ar no paciente.

Portadores de doenças hematológicas, pessoas com quadro de imunodepressão causada pelo tratamento de câncer ou lúpus, além de pacientes obesos, também são considerados de alto risco.

Como proteger os grupos de risco

No caso das operadoras de saúde, o primeiro passo é segmentar os beneficiários em grupos de acordo com suas doenças crônicas, incluindo as comorbidades.

Se a sua operadora já mantém programas de prevenção e controle para acompanhar os portadores dessas doenças, tudo se torna mais fácil.

Basicamente, é preciso se comunicar com cada grupo de risco levando informações sobre como a Covid-19 se relaciona com sua doença específica.

De maneira geral, é importante destacar que as principais medidas preventivas são as mesmas para todas as pessoas:

  • Manter o isolamento social (evitando as saídas na rua)
  • Lavar as mãos com frequência por pelo menos 20 segundos
  • Evitar qualquer contato com pessoas que manifestam sintomas parecidos com os da gripe

Contudo, para os pacientes crônicos esses cuidados devem ser seguidos com atenção redobrada.

Praticar atividades físicas, manter-se hidratado, dormir e se alimentar bem são outras recomendações importantes para esse público, pois contribuem para o bom funcionamento do sistema imunológico.

É preciso preocupar-se também com a saúde mental desses pacientes, que muitas vezes são idosos e sentem de forma mais intensa tanto o estresse causado pelo risco de contrair o vírus quanto a própria condição de isolamento social.

Outra preocupação deve ser imunizar idosos e pacientes crônicos para que não contraiam outras doenças que podem debilitar seu organismo, com a gripe, por exemplo.

Não esqueça que Campanha Nacional de Vacinação Contra a Gripe já começou e incentive seus beneficiários a tomar a vacina. Isso ajuda a evitar uma possível sobrecarga do sistema respiratório desses pacientes caso venham a contrair o vírus influenza.

Para organizar todas essas ações da forma mais eficaz possível é recomendável utilizar uma ferramenta especializada na gestão de programas de prevenção e promoção da saúde.