O fato da Covid-19 apresentar maior risco de agravamento em pacientes idosos tem deixado os gestores de operadoras de saúde em estado de alerta.

Afinal de contas, o número de beneficiários com mais de 60 anos já representa 15% do total de vínculos a planos médicos-hospitalares no país.

E mais: trata-se da única faixa etária que continua crescendo a cada ano.

É o que diz um levantamento feito pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) com dados de janeiro de 2020.

No documento, a entidade ressalta que as operadoras precisam focar ainda mais nesse público em tempos de pandemia.

Principalmente quando se sabe que São Paulo e Rio de Janeiro são os dois estados com o maior número de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus, e são justamente os que mais possuem beneficiários idosos.

O IESS aponta ainda, entre os idosos com plano de saúde no Brasil, 52,3% tem de 60 a 69 anos, 29,8% estão na faixa dos 70 aos 79 anos e 17,9% tem 80 anos ou mais.

Mas o que faz com que essas pessoas sejam mais vulneráveis aos sintomas da Covid-19? E o que sua operadora pode fazer para prevenir o contágio e o agravamento da doença, de modo a reduzir os riscos para os pacientes idosos?

Como a Covid-19 afeta os idosos

Com base em dados obtidos após o surto inicial de Covid-19 na China e a rápida disseminação da doença na Itália, a fragilidade dos idosos diante da infecção pelo novo coronavírus se tornou evidente.

Apesar de as chances de contágio serem as mesmas para todas as faixas etárias, o risco de agravamento da doença aumenta à medida em que a idade do paciente avança.

Pesquisadores da Universidade de Hong Kong analisaram a relação entre idade e morte dos pacientes infectados na cidade chinesa de Wuhan, que foi o foco inicial da pandemia.

Em um artigo publicado em março de 2020 na revista Nature, eles constataram que pessoas acima dos 59 anos têm cinco vezes mais chances de morrer do que aquelas entre 30 e 59 anos.

O motivo para esta maior fragilidade se deve às alterações sofridas pelo sistema imunológico à medida que a pessoa envelhece.

Após os 60 anos, a resposta do organismo às infecções se torna mais lenta devido à queda na produção de interferon, principal proteína produzida pelos leucócitos para estimular a atividade de defesa celular.

Ou seja: fica cada vez mais difícil para o sistema imunológico eliminar as células infectadas e transmitir os “sinais de alerta” para acionar os mecanismos de resposta imune.

Essa demora dá ao vírus a oportunidade de se espalhar antes que as defesas do organismo consigam agir, aumentando as chances de agravamento dos sintomas que podem levar o paciente a óbito.

Outro fator importante a ser considerado é o fato de que muitos idosos são portadores de doenças crônicas, o que aumenta ainda mais os riscos de complicações devido à comorbidade com a Covid-19.

Distanciamento social é imprescindível

Como se sabe que os idosos têm mais dificuldade para combater a infecção pelo coronavírus, a principal medida preventiva deve ser evitar ao máximo que eles sejam infectados.

Por isso mesmo, as medidas de isolamento social tornam-se imprescindíveis para quem tem mais de 60 anos.

Como o novo coronavírus tem alta capacidade infecciosa e pode permanecer ativo por até 3 horas no ar e por até 8 horas em determinadas superfícies, a recomendação para os idosos é evitar ao máximo o convívio social.

De acordo com o posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), quem tem mais de 60 anos deve evitar aglomerações, viagens, ter contato com pessoas que retornaram recentemente de viagens internacionais ou ter contatos íntimos com crianças.

A entidade reforça o alerta especialmente para portadores de comorbidades como diabetes, hipertensão arterial, doenças cardíacas, pulmonares, renais e neurológicas.

Pacientes em tratamento para câncer, portadores de imunossupressão e quem tem mais de 80 anos ou seja portador de síndrome de fragilidade também devem ter os cuidados redobrados.

Atendimento e assistência

De acordo com as recomendações da SBGG, o atendimento às pessoas idosas durante a pandemia de Covid-19 deve ser feito preferencialmente em domicílio.

Seja por meio de visitas presenciais, telemonitoramento ou teleconsultas, o importante é evitar a exposição desses indivíduos ao ambiente coletivo dos serviços de saúde.

Além disso, é importante lembrar que muitos idosos que são assistidos diariamente em suas casas por cuidadores e profissionais de saúde.

Caso apresentem qualquer sintoma de gripe, eles devem evitar manter contato com seus pacientes e até mesmo interromper os atendimentos se houver qualquer dúvida sobre o contágio.

No caso de idosos que estão em instituições de longa permanência (ILPIs), a SBGG recomenda evitar visitas, saídas ou atividades em grupo, além de redobrar os cuidados com a higiene dentro da instituição.

Se o idoso começar a apresentar algum sintoma leve, deve ficar em observação constante e procurar ajuda médica caso os sintomas evoluam para:

  • febre;
  • tosse;
  • falta de ar;
  • aumento da sensação de cansaço em esforços de rotina;
  • confusão mental.

Outra medida importante é acompanhar de perto o estado emocional dos idosos durante o período de quarentena para minimizar os impactos do isolamento social na saúde mental desses indivíduos.