Depois de adquirir as operadoras de saúde Amhpla e HFC Saúde, o Grupo São Francisco (GSF) estuda duas novas aquisições para o segundo semestre, aproveitando a crise para se consolidar. Em 2017, a GSF planeja investir cerca de R$ 60 milhões.

Se por um lado as demandas regulatórias e os custos assistenciais têm dificultado o mercado para pequenas operadoras, por outro, abre oportunidades para consolidação do setor a quem tem condições de crescer de forma inorgânica.

Esse é o caso da empresa de medicina de grupo São Francisco Saúde, fundada em Ribeirão Preto (SP) do GSF. No primeiro semestre, o grupo adquiriu duas operadoras e um hospital localizado em Araraquara (SP), que já recebeu aporte de R$ 45 milhões entre compra e reforma.

“Analisamos outras oportunidades, mas por exigências legais não podemos anunciar”, diz o presidente do GSF, Lício Cintra.

De acordo com ele, caso o plano de expansão se concretize, as expectativas de crescimento são altas, chegando a 50% na receita e entre 25% e 37% no número de beneficiários. “Mesmo sem as aquisições devemos ter alta de 30% na receita e 22% no número de beneficiários”, explica.

Segundo Cintra, na contramão do mercado de saúde suplementar – que já perdeu mais de 2,5 milhões de vidas -, a companhia tem apresentado crescimento. “Em junho de 2017 tivemos aumento de 20% no número total de vidas, frente a junho de 2016”, conta. O grupo possui cerca de um milhão de beneficiários, sendo 60% da operadora São Francisco Saúde e 40% da São Francisco Odontologia.

Oportunidade

Na opinião do presidente do GSF, o perfil do contratante do plano de saúde coletivo empresarial tem mudado e isso abriu uma porta para as empresas de medicina de grupo. “Existe um grande movimento de empresas migrando de cooperativas para medicina de grupo e no fundo o nosso crescimento também é proveniente disso. O momento econômico tem nos favorecido”, afirma.

O principal motivo, segundo ele, é a redução de custo que as operadoras com rede própria têm apresentado. “Desenhamos um fluxo para o paciente na rede e com isso ele não fica perdido passando de médico em médico, resolvendo de forma mais rápida o problema, reduzindo o absenteísmo e o desperdício.”

Com esta visão, ele explica que muitas empresas contratantes de grande porte têm procurado revisar os planos de saúde contratados em busca de uma gestão populacional que não pressione o reajuste anual dos planos. “Alguns empregadores enxugaram, mas temos aumentado a base de clientes”, complementa.

Outro fator que acabou beneficiando a empresa é a descentralização do plano. “Muitas empresas com presença em vários lugares do País centralizavam a gestão do benefício com uma única operadora para ganhar escala e um contrato melhor, mas isso não deu muito certo”, explica. E isso, foi uma oportunidade para operadoras mais regionais.

Mesmo com plano ambicioso, ele destaca que o foco regional se manterá. “Acreditamos que conseguimos dobrar a base onde estamos (São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e sul de Minas Gerais)”, ressalta se referindo ao plano de saúde. No odontológico são mais de 16 estados atendidos.

Outra novidade é que em 2017, o grupo investirá R$ 15 milhões em tecnologia. Entre os novos recursos está o App BIO, que recebeu R$ 3,5 milhões e reduziu 32% o número de internações dos pacientes cadastrados. O aplicativo também diminuiu em 23% as consultas ambulatoriais e em 25% os usuários de pronto-socorro.