Entre 2017 e 2021, os gastos com saúde em todo o mundo devem aumentar a uma taxa anual de 4,1%. É o que prevê o relatório Perspectivas para o setor global de saúde em 2018: A evolução dos cuidados inteligentes, divulgado no início deste ano pela consultoria Deloitte. O documento analisa o atual cenário global da saúde e aponta tendências para as empresas que atuam neste setor.

A elevação dos gastos com saúde projetada pelo estudo representa um avanço de 2,8 pontos percentuais em comparação ao crescimento de 1,3% ao ano registrado entre 2012 e 2016. Contudo, na avaliação da consultoria, nem sempre os gastos mais elevados geram melhores resultados ou mais valor para a saúde do paciente.

No universo das operadoras de saúde, isso aponta para a necessidade de analisar melhor a relação custo-benefício para a adoção de diferentes tecnologias. Segundo a consultoria, é justamente nesse contexto que vêm ganhando cada vez mais importância os chamados “cuidados inteligentes” (smart health care).

Mas o que são cuidados inteligentes?

Os cuidados inteligentes com a saúde podem ser definidos basicamente como “o tratamento adequado oferecido ao paciente certo, no momento e local certos”.

Isso envolve:

  • Tecnologia para diagnosticar com precisão, tratar e oferecer cuidados
  • Uso efetivo da informação e da comunicação entre todas as partes do ecossistema de saúde, de forma integrada
  • Pessoas certas nas funções certas (Ex.: enfermeiras devem cuidar de pacientes, não de tarefas administrativas)
  • Pacientes bem informados e envolvidos nos seus cuidados com a saúde
  • Novos modelos para ampliar o acesso e entregar cuidados com a saúde com melhor custo-benefício
  • Aumento da eficiência e redução do desperdício

Barreiras logísticas e tecnológicas

Desenvolver políticas, processos e capacidades para prestar cuidados de saúde inteligentes não é uma tarefa fácil, dada a magnitude e complexidade dos cuidados de saúde globais. Segundo a análise de consultoria Deloitte, podem haver obstáculos logísticos e tecnológicos significativos a serem superados.

Como, por exemplo, o fato de que uma grande parte dos serviços de internação está migrando para ambientes de cuidados não tradicionais, como a atenção domiciliar e os ambulatórios para pacientes externos.

Outro empecilho logístico é coordenar membros da cadeia de prestação de cuidados de saúde que muitas vezes trabalham em locais diferentes (hospital, consultório médico, clínica médica, laboratório de diagnóstico). Além disso, os pacientes podem residir em uma cidade ou mesmo em um país longe de seus prestadores de cuidados.

Ou então o fato de que a jornada do paciente em alguns casos o leva de médico em médico, passando algumas vezes pelo sistema público ou por diferentes operadoras privadas. Como os registros de saúde freqüentemente estão armazenados em formatos e sistemas diferentes, fica difícil acompanhar o histórico de saúde deste paciente.

Tudo isso faz com que muitos médicos e gestores de saúde acabem tendo dificuldades na gestão de processos. Ou seja: está ficando cada vez mais difícil coordenar consultas e procedimentos, compartilhar resultados de exames e envolver os pacientes em seus planos de tratamento sem o auxílio da tecnologia.

Em outras palavras, sua equipe de saúde pode estar trabalhando duro, mas não está necessariamente trabalhando de forma “inteligente”.

Principais desafios para os gestores de saúde

De acordo com o relatório Perspectivas para o setor global de saúde em 2018: A evolução dos cuidados inteligentes, os gestores de operadoras de saúde em 2018 provavelmente enfrentarão algumas questões cruciais em sua busca por desenvolver e oferecer esse tipo de cuidado a seus beneficiários.

Entre os principais desafios estão:

  • Criar margens positivas em uma economia incerta e em mudança
  • Mover-se estrategicamente do volume para o valor
  • Responder a políticas de saúde e regulamentações complexas
  • Investir em tecnologias para reduzir custos, aumentar o acesso e melhorar o atendimento
  • Engajar consumidores e melhorar a experiência do paciente
  • Desenvolver a mão de obra do futuro para o setor