É inegável que a tecnologia chegou à saúde trazendo vários benefícios, inclusive para gerenciar melhor seu tratamento e a comunicação com os médicos envolvidos. Acompanhamento médico requer bastante tempo para as consultas e disciplina para seguir as recomendações à risca. Só que na hora de passar ao profissional as atualizações sobre o tratamento, damos informações aproximadas da realidade porque é praticamente impossível lembrar de tudo o que aconteceu no período em análise. Quem já ouviu do médico durante a consulta as perguntas: “há quanto tempo você está com esses sintomas?” ou “a dor dura em média quanto tempo?” entende muito bem o que estamos falando.

Para quem tem doenças crônicas e pacientes que estão se recuperando de transplantes o caso é ainda mais complicado. O paciente passa por diversos profissionais durante o tratamento, além do médico principal, para garantir uma total recuperação, e cria a rotina de ir a vários consultórios falar para cada médico as anotações do seu dia a dia e o que cada um determinou ser o melhor e nem sempre as informações passadas são precisas. Uma forma de ajudar a organizar o tratamento junto aos médicos e ao paciente é o uso de um sistema online que permite ao paciente administrar melhor o seu progresso e compartilhar seus dados com os profissionais para que eles acompanhem, em tempo real, os resultados de suas indicações e possam fazer os ajustes necessários. Ainda é permitido que os médicos tenham acesso às indicações uns dos outros e possam trabalhar em conjunto casando seus tratamentos para melhor resultado baseando-se nas anotações diárias do paciente.

Tratamento mais eficaz e direto

Há 20 anos, nos Estados Unidos, Donna Cryer passou por um transplante de fígado. Durante todo o processo de recuperação e acompanhamento pós-operatório, Donna passou por dezenas de hospitais e ambulatórios na busca de gerenciar seus cuidados médicos e optou por usar uma plataforma online para dispor sua rotina aos médicos envolvidos.

Como muitos pacientes com condições complexas, como as dela, Donna ainda vê muitos médicos além do principal, como hepatologista, gastroenterologista, nefrologista, dermatologista, ortopedista e outros, e a dificuldade de administrar sua ida a cada um deles é controlada através do aplicativo que ela utiliza, onde compartilha com os profissionais toda a sua rotina.

“Todos os meus médicos precisam ser capazes de comunicar uns com os outros e comigo sobre os meus cuidados, e compartilhar meu histórico médico completo. Interagir com esses médicos gera dados de dezenas de visitas, imagens, testes de laboratório e relatórios de procedimentos que precisam ser revistos, avaliados e serem até modificados em novas ações em em tempo hábil”, diz Donna. Monitorada através de um tracker (pulseira sem fio) os médicos de Donna têm sido capazes de avaliar o resultado da intervenção, ajustar as dosagens dos medicamentos, entender efeitos colaterais e esclarecer pontos de decisão.

Os resultados ficaram ainda mais evidentes quando, após anos usando prednisona e fazendo aulas de dança, tênis e caminhada, o ortopedista decidiu usar uma injeção de cortisona em uma tentativa de evitar cirurgia de substituição da patela (joelho), já que a mobilidade de Donna ficou comprometida. Com o uso de um tracker foi possível medir a quantidade de passos de Donna por dia e notou-se que esses aumentaram bastante após a injeção.  Com esses dados percebeu-se que Donna reagiu muito bem ao tratamento e optou-se em não fazer a cirurgia, manter o monitoramento dos passos e fazer nova intervenção com injeção de cortisona quando o número médio de passos dela cair novamente.

“Sem a medida objetiva fornecida pelo meu rastreador, a decisão sobre minhas avaliações seria subjetiva, indicando, até, que a mobilidade estivesse pior e os joelhos tão ruins quanto eram antes. Ao colocar os meus dados para trabalharem para mim, agora podemos fazer melhor “, explica Donna Cryer.

Com esse tipo de gestão da informação, também é possível tomar medidas que evitem o agravamento de quadros crônicos, minimizando internações hospitalares. Pacientes diabéticos, por exemplo, podem ter as medições de insulina e glicose colocados no sistema, que devidamente configurado, pode alertar os médicos caso haja alguma alteração significativa e consequente necessidade de intervenção.

Como vemos nesses casos, o paciente é cada vez mais atuante no cuidado da sua saúde e as informações oferecidas pelo próprio são de grande valor não só na manutenção e tratamento como na prevenção da saúde. Hoje existem ferramentas para colher, armazenar, compartilhar e analisar dados fornecidos pelos pacientes em prol de seu bem estar.