Pelo segundo ano consecutivo, os hospitais ligados à Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) viram suas despesas crescerem acima da variação da receita. A entidade representa os 103 maiores hospitais particulares do país.

Em 2017, a receita média por internação atingiu R$ 21,5 mil, o que representa um aumento de 7,3% em relação a 2016. Já as despesas administrativas e médicas cresceram 8,1%, para R$ 18,7 mil no mesmo período de comparação.

A receita sofreu impacto do aumento do prazo médio de recebimento e das glosas (quando a operadora recusa ou atrasa o pagamento pelos serviços prestados pelos hospitais). No ano passado, as operadoras de planos de saúde pagaram os hospitais em 74,3 dias, em média, sendo que em 2016 esse prazo era de 66,8 dias.

O índice de glosa cresceu de 3,4% para 4,1% da receita líquida, o que fez os hospitais ligados à Anahp perderem cerca de R$ 1 bilhão com glosas no ano passado.

“Com isso, os hospitais são obrigados a procurar capital no sistema bancário, aumentando suas despesas financeiras”, disse Francisco Balestrin, presidente da Anahp.

Essa maior pressão das operadoras sobre os hospitais ocorre num período de redução no número de usuários de convênios médicos e queda na taxa de juros. Boa parte dos ganhos das operadoras vem de receita financeira.

Outro fator que pesou na linha de custos dos hospitais foi a folha de pagamento de pessoal, que responde por quase metade dos gastos dos hospitais. Em 2016, as despesas representavam 34,5% e avançaram para 35,5% no ano passado.

Apesar deste cenário, Balestrin diz que está otimista em relação a 2018. “Nossa expectativa é de uma retomada no setor de saúde com a volta do emprego. A consequência é o maior volume de contratos de planos de saúde. Além disso, há o envelhecimento da população brasileira que demanda por mais saúde”, disse o presidente da Anahp.