A ideia de criação de um plano de saúde popular, como anunciou quarta-feira (6) o ministro interino da Saúde, Ricardo Barros,para financiar o Sistema Único de Saúde (SUS) vai levar à privatização da saúde pública. O ministro afirmou que o tal plano teria uma cobertura menor do que a mínima exigida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para poder ser oferecido com preço mais em conta. Ainda segundo o ministro, com essa ideia, mais pessoas poderão contribuir para o financiamento da saúde no país.

“Esse pacote de serviços de saúde ‘populares’ conduz à privatização total do setor, desde o controle dos fundos públicos pelo capital financeiro até a expansão dos seguros privados de saúde como alternativa viável ao sistema público. A mercantilização da saúde será alcançada em todas as esferas que possam ser capturadas pelo setor privado para ampliar sua lucratividade”, afirma o pesquisador do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Gustavo Bonin Gava, em artigo publicado hoje (8) pela Plataforma Política Social, no qual defende que o propósito do ministro é lançar bases do Estado mínimo liberal na área de saúde.

“O ministro da Saúde omite-se quanto ao fato de que o SUS sofre de crônica insustentabilidade financeira derivada do seu subfinanciamento histórico. Apenas como exemplo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2013, os gastos totais em saúde no Brasil foram de 9,7% do PIB, contudo, mais da metade (51,8%) são gastos de ordem privada, ou seja, o SUS é subfinanciado, acarretando graves problemas em sua gestão. A ampliação de mercados privados colaboraria para a ampliação das iniquidades de acesso aos serviços e ações ofertados pelo SUS”, diz o artigo.