O presidente regional da Abramge RJ/ES e coordenador do Comitê Técnico da associação, que representa os planos de saúde, bateu forte na questão dos idosos e defendeu uma adaptação do estatuto do idoso, assim como a possibilidade de que estes beneficiários, com 60 anos ou mais, possam vir a ser atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pois vai chegar a um ponto em que ficará insustentável para este beneficiário arcar com os custos e manter um plano de saúde:

— As pessoas vão viver mais tempo, a renda vai diminuir e ele não vai conseguir pagar. Por isso, é necessário que o Estado consiga acolher este idoso, crie subsídios para atendê-lo. A equação não vai fechar: aumentam os custos e diminui a renda deste idoso. Estamos zero por cento preparados para dar um cuidado de longa duração para nossos idosos.

Ele afirmou que o beneficiário precisa ter uma maior compreensão sobre o mercado de saúde suplementar e que, para isso, deve ser melhor informado sobre as opções que tem no mercado. Neste ponto, Vieira criticou o papel das administradoras de benefício, que, a seu ver, têm a missão de apresentar ao usuário tudo o que está sendo ofertado pelos planos de saúde e defender o interesse desse consumidor.

— Esse deveria ser o papel da administradora de benefício. A presença desses agentes acaba sendo nociva, esse é o meu entendimento. Isso porque é intermediária da ordem de 20% a 25% daquilo que o consumidor paga. É um custo muito alto para ele não ter uma excelente qualidade de atendimento.

Para que haja este entendimento, diz Vieira, é preciso uma reflexão sobre o problema e uma melhor compreensão do que este mercado, do qual a Abramge tem uma representação bastante significativa. Segundo ele, hoje, são 47 milhões de beneficiários e a associação responde por uma parcela de 17 milhões. Ele apontou ainda que, no Brasil, o PIB da saúde é de 3,8% no setor público e de 4,5% no privado, ressaltando que não há subsídios. Já nos Estados Unidos, esses percentuais são de 8,7% e 8,9%, respectivamente. Já no Chile, as taxas são de 3,9% tanto na saúde pública quanto na privada, e as empresas que oferecem planos de saúde deixam de pagar imposto, o que acaba gerando uma competição entre os dois segmentos.

Vieira defendeu a proposta de plano de saúde apresentada pelo Ministério da Saúde, pontuando que a subsegmentação é para quem não pode pagar. Isso corresponde a 80% da população brasileira, que assim teria acesso à saúde suplementar, já que a saúde pública não consegue suprir este atendimento.

É fato que, com o encolhimento das carteiras de usuários da saúde suplementar — cerca de 2,5 milhões em dois anos —, há uma pressão das operadoras por redução de custos e oferta do chamado plano acessível.

Segundo Sérgio Vieira, da Abramge, hoje há uma lógica que perversa, pois, quanto maior a despesa, maior o ganho dos prestadores de serviços. E isso não se traduz em atendimento que supra, de fato, as necessidades do paciente, diz ele. Vieira destaca que, com o aumento dos custos de assistência médico-hospitalar, as operadoras de saúde precisam de outros caminhos para trabalhar.

— O pagamento por serviço não pode prosperar. Já há estudos suficientes para que a mudança seja feita. É preciso evoluir para uma sinergia porque um elo depende do outro. Ou vai ter um momento em que os hospitais vão ter um plano de saúde próprio porque a tendência é que as operadoras de saúde verticalizem sua atividade — diz ele, que defende que o atendimento deve ter início por avaliação global do paciente por um profissional que vai encaminhá-lo às especialidades.

Durante o painel que apresentou no seminário “Novos Modelos para a Saúde”, Vieira ressaltou que os maiores desafios, hoje, para a saúde são o combate á fraude; a judicialização que não para de crescer; a incorporação tecnológica racionalizada; maior formação de profissionais, não só de médicos mas de toda a equipe interdisciplinar; criação de um sistema ‘s’ de saúde, a exemplo do que temos no comércio, pois hoje não há escolas para formar os profissionais de saúde, desde cuidadores de idosos a maqueiros; planos acessíveis, viabilizar acesso do idoso; adaptar o estatudo do idoso;o estado assumir sua parcela de responsabilidade; e mudança do modelo de remuneração.

Segundo o presidente regional da Abramge, o modelo com custo anual de US$ 1.500 e 21 dias de atendimento é o melhor do mundo.