O câncer de mama é a segunda maior causa de morte pela doença no Mundo. Apenas no Brasil, deve atingir cerca de 58 mil mulheres em 2016. O que equivale a 25% de todos os casos de câncer no País. Para mudar esse quadro, é fundamental que as mulheres tenham o habito de realizar o autoexame, que auxilia na detecção precoce da doença, e consultar o médico com frequência.

Por esse motivo, nós também estamos “vestindo o rosa” e apoiando uma das maiores e mais reconhecidas campanhas mundiais de promoção da saúde, o Outubro Rosa.

Contudo, como aponta o estudo vencedor do V Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar na categoria Promoção da Saúde e Qualidade de Vida, “Análise da Utilização de Mamografia e seus Desdobramentos em um Plano de Autogestão de Saúde”, de Marcia Rodrigues Braga (já abordado aqui no Blog), é preciso destacar que a mamografia, apesar de continuar sendo o único método de rastreamento de câncer de mama com comprovada efetividade, também oferece riscos para as mulheres e não deve ser usado de maneira imprudente. Isso porque, assim como acontece quando as mulheres são expostas ao raio-X, também a radiação do mamógrafo pode aumentar a chance de desenvolvimento da doença. Um risco que muitas mulheres ainda desconhecem e que, infelizmente, muitos médicos esquecem de informar.

De acordo com o estudo, o uso desnecessário deste exame, além de prejudicar a saúde da paciente, sobrecarrega o sistema de saúde, gerando desperdício tanto de recursos financeiros quanto de alocação de equipamentos e operadores, que poderiam ser empregados na realização e exames em um público apropriado. A maior utilização desses recursos por um público mais jovem do que o ideal também leva ao aumento de resultados falsos positivos e de exames inconclusivos, que implicam na utilização de mais exames e investigações desnecessárias.

Outra indicação de que o sistema de saúde (tanto público quanto privado) precisa reavaliar as políticas de combate ao câncer de mama é a disponibilidade de mamógrafos, muito superior do que seria necessário. De acordo com o TD 51 – “PIB estadual e Saúde: riqueza regional relacionada à disponibilidade de equipamentos e serviços de saúde para setor da saúde suplementar” – há mais de 1,7 mamógrafo para cada grupo de 100 mil pessoas em ao menos 10 estados brasileiros, quando a recomendação do Ministério da Saúde é de 0,42 mamógrafo para cada 100 mil pessoas. Apenas para comparação, o Reino Unido conta com 0,88 mamógrafo por 100 mil pessoas. O que indica, claramente, que os investimentos em prevenção do câncer de mama não estão sendo bem aplicados.

O que precisamos é mais conscientização. Afinal, a doença não acaba junto com o mês de outubro.