Os executivos brasileiros estão mais conscientes da necessidade de cuidar da saúde – mas mesmo assim estão menos saudáveis e mais propensos a sofrer com doenças como problemas cardiológicos e hipertensão, segundo estudo da Bradesco Saúde.

O levantamento inclui dados coletados durante mais de 16 mil check-ups anuais feitos por profissionais de cargos de gerência executiva, diretoria e dirigentes de empresas em nove Estados brasileiros ao longo dos últimos quatro anos, incluindo o início de 2016. Os profissionais que participaram da pesquisa têm entre 24 e 60 anos e 77% deles são homens.

No período, houve aumento do número de executivos acima do peso, de 64,5% em 2011 para 70% hoje. Mais profissionais também apresentam circunferência abdominal aumentada – em 2011 eram 58% e hoje são 63%, e, destes, 34% apresentam a circunferência muito aumentada do que o considerado normal. Segundo o diretor da Bradesco Saúde, Flávio Bitter, essas características são consideradas fatores de risco para hipertensão e doenças cardiológicas.

Houve aumento também nos fatores de risco de desenvolvimento de diabetes, como glicemia alterada, mesmo em profissionais que não têm o diagnóstico da doença. O número de fumantes se manteve estável em aproximadamente 8%.

Por outro lado, cresceu o número de profissionais que reportam realizar alguma atividade física regularmente. Enquanto em 2011 70% se diziam sedentários, hoje 49% fazem o mesmo – número ainda considerado alto.

“Nota-se que há hoje uma consciência maior no geral e mais preocupação das pessoas em se manterem ativas”, diz Bitter. Mas isso ainda acontece em um ambiente de trabalho marcado pelo estresse – em especial ao longo dos últimos anos, com o agravamento da crise econômica – no qual os profissionais abdicam de se alimentar de forma saudável. “O mau hábito alimentar tem produzido esse tipo de estatística”, diz.

Para Bitter, no entanto, hoje as empresas estão mais preocupadas em usar esse tipo de informação para criar iniciativas de qualidade de vida e bem-estar que tentem amenizar esse cenário. Até porque funcionários com a saúde debilitada tendem a usar mais o plano de saúde corporativo. “A gente nota o crescimento dessa preocupação junto aos departamentos de recursos humanos. Há um entendimento que isso gera benefício de gastos no plano de saúde, aumenta produtividade, gera redução do absenteísmo e engajamento positivo com a empresa”, diz o diretor.

As formas de atuação mais comuns tem sido a oferta de check-up, palestras e campanhas de vacinação e contra o tabagismo, bem como programas de apoio para funcionários e dependentes que já tenham alguma doença crônica, como diabete, hipertensão e doenças respiratórias. Nesses casos, a distribuição de material de apoio e de lembretes para incentivar o autocuidado podem diminuir gastos no plano de saúde depois. “São fatores que inibem muito os casos de descompasso na saúde da pessoa, que geram a necessidade de procurar o pronto-socorro”, diz Bitter.