O fundador e ex-presidente do grupo Qualicorp, José Seripieri Filho, assinou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Na tratativa, o empresário relata pagamentos a vários políticos por meio de caixa dois. Ele também detalha uma medida provisória aprovada no Congresso Nacional que trouxe benefícios tributários às empresas de planos de saúde. O executivo pagará uma multa de mais de R$ 200 milhões.

Em julho deste ano, Seripieri Filho, que é conhecido como Júnior, foi preso pela Polícia Federal em uma fase da Lava-Jato Eleitoral, sob suspeita de ter participado de um esquema de caixa dois. Depois de passar três noites preso, decidiu buscar as autoridades para fechar um acordo de delação premiada.

Júnior era um dos empresários com maior trânsito entre políticos. Além de frequentar a casa de muitas autoridades, também emprestava sua aeronave e até sua mansão na praia de Angra dos Reis (RJ) para os mais próximos.

A delação do empresário tem o potencial de abrir uma nova frente na Lava-Jato sobre casos de corrupção envolvendo planos de saúde. Até agora, o setor apareceu pontualmente em algumas investigações e delações, mas nunca chegou a ser alvo de acusações formais.

Um fato que pesou para Júnior buscar um acordo de colaboração com a PGR foi a delação feita por seu ex-sócio Elon Gomes de Almeida, que comandou um braço da Qualicorp. A delação de Elon, feita na Justiça Eleitoral de São Paulo, serviu como base para a operação da PF que prendeu Júnior.