O gasto per capta com saúde apresentou aumento de 29,3% no período entre 2015 e 2019, antes da pandemia de Covid-19. A conclusão é de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Ministério da Saúde e a Fiocruz.

Os dados resultaram no livro “Contas de Saúde na Perspectiva da Contabilidade Internacional: Conta SHA para o Brasil, 2015-2019”, publicado pelo instituto federal, vinculado ao Ministério da Economia.

No período avaliado, o gasto passou de R$ 2.613,34 para R$ 3.380,62 por pessoa.

O dado é fruto de uma combinação entre o gasto público corrente, que passou de R$ 231,5 bilhões para R$ 290,4 bilhões (crescimento nominal de 25,5%) e o dos regimes privado, que passaram de R$ 285 bilhões para R$ 398 bilhões (alta de 39,6%).

A publicação aponta que, em 2019, na média dos países que integram a Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE), os regimes públicos de saúde representaram 6,1% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto os privados respondiam por 2,1%.

O grupo, ao qual o Brasil pleiteia adesão, reúne países desenvolvidos. No entanto, por aqui, a lógica é oposta: os privados eram responsáveis por 5,4%, contra 3,9% dos públicos.

O estudo aponta ainda que a maior parte das despesas brasileiras com saúde está concentrada na atenção curativa (49,8%), seguida pelos gastos em medicamentos e artigos médicos (20,5%) e exames complementares (11,3%).

Os três grupos respondem por 81,5%, enquanto o restante é repartido por prevenção, promoção e vigilância em saúde, cuidados de longo prazo, reabilitação e gestão.

O trabalho mostra ainda que a atenção curativa foi majoritariamente financiada pelos regimes públicos (52,5%), que desembolsaram ainda 89,6% das despesas de prevenção, promoção e vigilância em saúde.

Já os gastos com medicamentos e diversos artigos médicos foram financiados diretamente pelas famílias: 87,7%.

Outro destaque da publicação foi a conclusão de que pessoas cobertas por planos de saúde usufruíram cinco vezes mais de recursos quando comparadas àquelas cobertas pelas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Os pesquisadores detalharam ainda o perfil de custeio de atividades por esfera de governo: a União participa de quase todas as funções de atenção à saúde e financia 61% do atendimento ambulatorial especializado, financia medicamentos, reabilitação e cuidados de longo prazo.

Enquanto isto, os estados financiam internações e atividades de diagnósticos. Aos municípios, cabe principalmente financiar a atenção primária e domiciliar.