Os custos médico-hospitalares devem crescer 7,6% no mundo em 2019 de acordo com o relatório Global Medical Trends que acaba de ser lançado pela Willis Tower Watson. O documento é um dos mais respeitados no mundo e sua edição de 2018 serviu de base, juntamente com levantamentos de Aon Hewitt e Mercer para o TD 69 – “Tendências da variação de custos médico-hospitalares: comparativo internacional”.

De acordo com o novo relatório, o avanço dos custos médico-hospitalares deve ser mais modesto na Europa (ao redor de 5%) e mais severo no Oriente Médio e África (superior a 12%). Nas Américas, o crescimento esperado é de 10,7%. Contudo, nos Estados Unidos o avanço deve ser de 7,9%. Já para o Brasil, a entidade projeta um aumento de 15,3%. No mesmo continente, apenas Argentina deve ter um incremento maior nos gastos com o setor superior ao brasileiro: 23,5%.

Fora das Américas, Vietnam (16,3%), Turquia (18,2%), Argélia (20%), Costa do Marfim (20%), Madagascar (20%) e Gabão (30%) se unem à lista de países com aumento dos custos superior ao projetado para o Brasil. O relatório analisou 77 países no total.

No caso brasileiro, a Towers indica que o aumento acima da média global se deve ao volume de procedimentos (consultas, exames, terapias etc.) desnecessários e à incorporação de novas e custosas tecnologias e procedimentos ao Rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o que torna sua cobertura obrigatória pelos planos.

O uso exagerado de serviços médicos, aliás, é identificado como o principal fator de aumento dos gastos no setor no mundo. Em seguida aparece a incorporação de novas tecnologias. Entre os tratamentos que mais “consomem” recursos, aqueles para câncer, doenças cardiovasculares e musculoesqueléticas lideram a lista – o que não é uma surpresa. A novidade nesse sentido é que mais de um terço dos respondentes acredita que as doenças mentais devem entrar para este ranking já nos próximos cinco anos.

Outra tendência que preocupa para os próximos cinco anos é o aumento das despesas dos planos com produtos farmacológicos, que devem crescer consideravelmente em todo o mundo.

Olhando um pouco mais para longe, a prevalência de diabetes é um dos pontos que mais tem preocupado a comunidade médica ouvida pelo levantamento. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (WHO, na sigla em inglês), se medidas sérias não forem tomadas agora, o total de diabéticos na Índia deve chegar aos 87 milhões em 2030. O que equivaleria a 5,7% dos 1,53 bilhão de habitantes que o País deve ter nesse ano segundo projeção da Population Reference Bureau (PRB), dos Estados Unidos. No mesmo ano, ainda empregando a projeção de crescimento da população do PRB e as estimativas de avanço da prevalência da doença da OMS, 12% dos chineses ou 170 milhões de pessoas estariam na mesma situação.

A questão não deve, entretanto, ser analisada como um problema para o futuro, mas atual. De acordo com o relatório da Towers, 14% dos mexicanos já morrem em decorrência de diabetes e problemas relacionados. Ou seja, é cada vez mais importante iniciativas como as que debatemos ao longo do último mês.