O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) criticou o reajuste de até 15,5% nos plano de saúde autorizado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), no momento de dificuldade econômica para a população. Foi o maior índice de aumento desde 2000.

“O ano de 2022 trouxe aumentos significativos para o bolso dos consumidores brasileiros. Comida, gasolina, botijão de gás e energia elétrica sofreram alguns dos impactos mais significativos. E agora, também, os planos de saúde”, afirma o instituto em nota.

De acordo com o Idec, os últimos dois anos foram de intenso crescimento econômico para as operadoras de planos de saúde. Dados sobre o comportamento do setor de planos de saúde durante a pandemia mostram que o desempenho econômico foi favorável para as empresas, especialmente em 2020.

Em 2021, os planos de saúde sofreram reajuste negativo de 8,19%, quando os consumidores pagaram uma cobrança retroativa de reajustes, os valores suspensos em 2020 durante o primeiro ano de pandemia.

Em pesquisa realizada pelo Idec em 2021, o instituto verificou que a população usuária desses serviços lidou com aumentos da ordem de até 50% durante o ano de 2021. Ou seja, o desconto foi neutralizado pela recomposição.

O Idec alerta para a incapacidade dos consumidores de arcar com ainda mais gastos nesse cenário.

“Causa espanto um percentual tão elevado, considerando que nos últimos anos os lucros aumentaram, com entrada de consumidores no mercado durante a pandemia. A questão é que essa metodologia foi pensada para situações de normalidade sanitária. O comportamento dos custos na pandemia foi extremamente atípico, o que demandaria uma reavaliação do reajuste deste ano”, afirma Ana Carolina Navarrete, coordenadora do Programa de Saúde do Idec.

Para o Idec, a situação agrava ainda mais a sobrecarga no sistema público de saúde, o SUS (Sistema Único de Saúde).

“As dificuldades de pagamento do consumidor nesse contexto são ainda mais desesperadoras, uma vez que sabemos o quanto o SUS está combalido por ter sido linha de frente no enfrentamento à Covid-19. A pressão é por abdicar de outros bens essenciais para pagar a mensalidade”, diz Carlota Aquino Costa, diretora executiva do Idec.