Modalidade de atendimento médico em crescimento no Brasil, a internação domiciliar traz várias vantagens: permite que um paciente estável seja submetido com sucesso a um tratamento em sua residência, reduz pela metade os custos das operadoras de plano de saúde e desafoga a rede hospitalar, que tem déficit de leitos.

No país, a internação domiciliar movimenta R$ 10 bilhões em negócios, atende um universo de 1,5 milhão de pacientes e cresce entre 8% e 15% ao ano, dependendo da região e do número de usuários de planos de saúde, diz Luís Cláudio Marrochi, presidente do Núcleo Nacional das Empresas de Serviço de Atenção Domiciliar (Nead).

Para os pacientes as vantagens são a humanização do atendimento, a redução do tempo de recuperação e o baixo risco de complicações, principalmente infecciosas. Isso porque contam com serviços contínuos de enfermagem, equipamentos médicos e materiais necessários para o seu cuidado. Além disso, podem fazer exames laboratoriais, radiológicos e terapias adicionais. Outro benefício é o fato de terem os parentes por perto.

Para as operadores de plano de saúde, a modalidade de internação domiciliar representa um alívio financeiro. Citando a Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS) e o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), Marrochi observa que em torno de 50% dos custos dessas empresas estão relacionados ao ambiente hospitalar. Assim, o uso racional da rede hospitalar evita o desperdício de diárias.

O impacto é positivo também para os hospitais, já que a internação domiciliar atende pacientes de longa permanência. “A estrutura hospitalar pode ser reservada para casos de instabilidade clínica e necessidade de realização de cuidados complexos específicos, como procedimentos cirúrgicos”, diz Marrochi.

De acordo com Luiz Tizato, CEO da Unit Care, nos hospitais de alta complexidade, que têm uma estrutura cara e preparada para alta rotatividade, a taxa de ocupação de leitos está próxima do limite da capacidade. “Os estudos mostram que os hospitais ganham dinheiro nos cinco primeiros dias de internação do paciente”, revela.

O mercado de internação domiciliar ganhou força no Brasil a partir dos anos 2000, com diversas empresas prestando serviços terceirizados para operadoras de planos de saúde e atendendo pessoas sem convênio médico. A Unit Care é uma delas. Faturou R$ 28 milhões no ano passado e neste ano espera R$ 38 milhões. Credenciada por 12 operadoras de plano de saúde, a companhia conta com 800 enfermeiros e técnicos de enfermagem para o atendimento a 120 pacientes de alta complexidade.

A Global Care, que pertence ao mesmo grupo financeiro da Unit Care, atua no setor de home care, que inclui internação e atendimento domiciliar, há 16 anos. A empresa mantém contrato com 20 operadoras de plano de saúde. Mesmo com o cenário econômico desfavorável, os negócios da empresa evoluíram 14%. “A expansão do setor deve continuar, devido ao envelhecimento da população”, diz Monique Borrelli, gestora médica da companhia, que investiu R$ 12 milhões na construção do Hospital de Longa Permanência, em São Paulo, a ser inaugurado em agosto. É, segundo Monique, uma alternativa a pacientes que não precisam de estrutura complexa para atendimento médico. Com o início das atividades, a internação hospitalar deverá representar 40% dos negócios da Global Care.

Com unidades na Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a Home Doctor registrou crescimento de 41% no número de internados no regime domiciliar, para cerca de mil pessoas, o que representa 60% do total do universo de pacientes da companhia. A maioria é oriunda das 40 operadoras de plano de saúde com as quais mantém contrato, mas há atendimento também a clientes corporativos e particulares.

De acordo com Ari Bolonhezi, sócio-diretor da Home Doctor, 25% dos pacientes atendidos, como crianças portadoras de síndrome e pessoas que sofreram algum trauma ou sequelas de agravos de saúde, são dependentes de respirador artificial.