Acusadas de prescreverem medicamentos sem comprovação científica no tratamento de pacientes com Covid-19, operadoras de planos de saúde estão no centro das investigações na reta final da CPI da Covid no Senado. Desde o início de 2020, Prevent Senior, Hapvida e Unimed receberam ao menos 19 reclamações na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de pacientes sobre temas relacionados a tratamento precoce em dez estados do país. Relatos de profissionais e pacientes das operadoras mostram que havia pressão pelo uso do chamado “kit covid” sem o consentimento de pacientes internados.

De janeiro de 2020 a setembro deste ano, a ANS contabilizou 284 mil reclamações. Desse total, cerca de 15 mil foram queixas relativas à Covid-19. Segundo o presidente da agência, Paulo Rebello Filho, há 38 registros relacionados a 23 operadoras diferentes citando “kit covid”, cloroquina ou hidroxicloroquina, ivermectina ou tratamento precoce.

— Entre esses registros há inclusive consumidor reclamando que não recebeu o kit, mas a maior parte, 16 delas citavam o recebimento do kit, mas reclamavam de dificuldade de realização do teste. Reclamações de prescrição do “kit covid”, no entanto, não é da nossa competência, mas do Conselho Federal de Medicina e dos conselhos regionais — afirma Rebello Filho.

Beneficiários dos planos Hapvida, Prevent Senior e Unimed — empresas citadas em investigações do Ministério Público e da CPI da Covid — registraram reclamações na ANS nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Amazonas, Goiás, Ceará, Pará, Paraná, Bahia e Sergipe.

A Unimed tem seis reclamações; a Prevent Senior, seis; e a Hapvida é alvo de sete.

A ANS diz que a utilização dos medicamentos do “kit covid” para o tratamento de pacientes com a doença, sem que a indicação conste em suas bulas, é desestimulada pela legislação que rege o setor de saúde suplementar.