Uma das principais dificuldades para o uso emergencial do tratamento para Covid-19 é o custo considerável alto para a população. O coquetel foi liberado na última terça-feira (19), pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e recebeu o nome de Regn-CoV2. O valor estimado pode ter impacto no Brasil, já que pode ampliar as desigualdades no atendimento de pacientes entre as unidades públicas e privadas.

A nova forma de tratamento é a combinação de dois anticorpos desenvolvidos em laboratório (batizados de casirivimabe e imdevimabe). A opção foi criado pela farmacêutica americana Regeneron em parceria com a suíça Roche, autora do pedido de autorização de uso emergencial no Brasil. O uso é indicado para casos leves e moderados do novo coronavírus em pacientes de 12 anos ou mais do grupos de risco.

O coquetel para Covid-19 já está liberado para uso emergencial nos Estados Unidos, Canadá e Suíça, dentre outros países europeus. Em janeiro, o governo americano acordou com a fabricante a entrega de 1,25 milhão de doses até 30 de junho, no valor de US$ 2,625 bilhões (o que significava cerca de R$ 14 bilhões na conversão para a moeda brasileira).

De acordo com o Ministério da Saúde, o novo tratamento poderá ser incorporado ao SUS quando tiver registro definitivo na Anvisa. Já quando se trata de planos de saúde, a cobertura é obrigatória quando houver indicação médica em casos de internação. O coquetel para Covid-19 não é indicado para pacientes graves e hospitalizados.

Um dos motivos que elevam os valores dos medicamentos é o fato de que os anticorpos precisam ser desenvolvidos em laboratório com frascos específicos que funcionam como biorreatores. Os imunizantes levam o organismo a produzir anticorpos e agora, através do coquetel, esse o anticorpo já formado pode ser injetado no indivíduo.

Os anticorpos do Regn-CoV2 se conectam na ponta da proteína spike, ao invés de inteiramente, como o imunizante faz. Ambos possuem o objetivo de impedir que o vírus entre na célula e se reproduza pelo corpo.

Através de uma nota, a Roche Farma Brasil expôs que neste momento as prioridades das negociações são “centralizadas nos governos federais em todos os países” e que estão “interagindo com o Ministério da Saúde”,  em que “será o responsável pela destinação final da medicação”. Além disso, a empresa informou não haver preço definido e respondeu que não há previsão de abertura de pedido para a fabricação nacional.

Já o Ministério da Saúde afirmou em nota que “os medicamentos incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS) devem ter o registro definitivo aprovado pela Anvisa”. Porém, isso não se aplica ao coquetel para Covid-19 autorizado unicamente para uso emergencial.

Com isso, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) esclareceu que tanto o remdesivir (conhecido comercialmente como “veklury”) quanto a combinação do casirivimabe e do imdevimabe serão de “cobertura obrigatória pelas operadoras de plano de saúde”, ao serem indicados pelo médico para o tratamento de Covid-19 conforme os “termos das bulas registradas na Anvisa”.