Diretor da Associação Brasileira de Planos de Saúde, o advogado Pedro Ramos lançou um livro sobre os esquemas entre fornecedores, hospitais e médicos envolvendo a aquisição exagerada e irregular de próteses. Em “A máfia das próteses”, o advogado conta casos de pacientes enganados, submetidos a cirurgias para colocação de próteses desnecessárias, e fornece informações sobre os prejuízos causados pela ação das quadrilhas.

ISTOÉ: Qual o tamanho do mercado envolvendo a máfia das próteses?
Pedro Ramos – No Brasil ele dá mais dinheiro do que o tráfico de drogas. A situação aqui é escabrosa

ISTOÉ: Quais as principais cirurgias visadas pelo esquema?
Pedro Ramos – As de coluna, coração, cérebro e joelho. No livro há história de uma senhora de Porto Alegre, de 76 anos, que teve implantados na coluna vinte parafusos. No fim, teve infecção generalizada e foi obrigada a tirar dezesseis. Isso é desumano. Um médico que faz isso não é médico.

ISTOÉ: Pode dar um exemplo do quanto os participantes do esquema podem ganhar ao vender aos pacientes próteses desnecessárias?
Pedro Ramos – Veja o caso de um stent para doença cardíaca. Um dispositivo desse recoberto com drogas (mais modernos) tem custo de R$ 400 reais de fabricação. Os planos de saúde chegam a pagar R$ 14 mil pela implantação de cada um deles em alguns hospitais de primeira linha.

ISTOÉ: Como os pacientes podem se proteger?
Pedro Ramos – Defendemos a segunda opinião médica. O paciente precisa saber que tem esse direito e que deve exercê-lo.