Pela primeira vez em uma década a receita líquida dos 22 maiores hospitais particulares do Brasil cai, registrando uma queda de 1,8% no ano passado, para R$ 8,3 bilhões, segundo levantamento da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp). Um fator contribuinte para essa diminuição da receita foi o aumento de 8,3% nas despesas. Este desempenho ruim no setor hospitalar deve-se ao fato de que 450 mil pessoas perderam seus planos de saúde ao serem demitidos em 2015.

As perspectivas para 2016 também não são as melhores por conta do provável aumento do desemprego, da alta do dólar, que eleva os custos dos hospitais que, por sua vez, importam 30% dos medicamentos, materiais e equipamentos. E também são previstas negociações mais acirradas com as operadoras e seguradoras de saúde.

Ainda de acordo com o levantamento da Anahp, o número de atendimentos em pronto-­socorro caiu 7,2% no ano passado. “É a primeira vez, desde 2004, que há queda no volume de atendimentos em pronto­-socorro”, disse Francisco Balestrin,presidente da Anahp, em release ao mercado. Chama atenção o fato de que esses dados referem-­se a hospitais de ponta como Albert Einstein, Sírio­Libanês, Samaritano e Rede D”Or, que têm uma estrutura mais profissionalizada. Ou seja, o impacto pode ter sido ainda muito maior em hospitais menores.

O desempenho observado pelo do setor em 2015 contrasta com o cenário de anos anteriores, quando a demanda era forte por conta da entrada da classe C no mercado formal de trabalho. Muitas dessas pessoas nunca tinham tido convênio médico e com isso passaram a usar muito o benefício, o que provocou uma lotação nos hospitais privados, que chegaram a ser comparados com os hospitais da rede pública. Em 2010, os hospitais anunciaram investimentos de mais de R$ 2,5 bilhões para abertura de cerca de 4,3 mil novos leitos até 2016 e atuação em especialidades médicas de alta complexidade.

Ainda assim, essa quantidade de novos leitos era considerada insuficiente para atender a demanda. Um estudo feito pela própria Anahp, em 2013, mostrava que se o número de usuários com convênio médico crescesse 2,1% ao ano, os hospitais precisariam ter até 2016 mais 13,7 mil novos leitos com investimento de R$ 4,3 bilhões. Essas projeções foram baseadas no histórico do setor de planos de saúde que, no período de 2010 a 2013, registrou crescimento entre 2,5% e 3,7% por ano.

A Anahp estima que, neste ano, seus 80 hospitais associados tenham uma receita bruta de R$ 22 bilhões, uma alta de 2,2%. Mas não se trata de um crescimento orgânico, uma vez que em 2015 havia 77 hospitais associados, ou seja, três a menos.

*Com informações da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) em 05/01/2016.