Em três meses, o mercado brasileiro de planos de saúde médico-hospitalares registrou perda de mais de 250 mil beneficiários, o que equivale a uma queda de 0,5%, constata a Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), produzida pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). No total, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o segmento conta, agora, com 46,8 milhões de beneficiários.

Para José Cechin, superintendente executivo do IESS, a leve queda de 0,2% em relação a julho do ano passado pode representar uma tendência de estabilidade para os próximos meses. “No início da pandemia pelo novo Coronavírus, em fevereiro e março, houve mais adesões do que cancelamentos aos planos médico-hospitalares. A partir de abril, o setor passou a registrar sucessivas baixas, particularmente intensa em maio e menos intensa em junho, resultado do elevado número de demissões, interrupção de atividades, fechamentos de empresas ou ainda da perda de poder aquisitivo”, aponta. “Claro que alguns números podem ser alterados pela Agência em função das revisões por parte das operadoras, mas o leve saldo positivo no mês de julho pode indicar que o mercado brasileiro começa a se estabilizar após o forte impacto da crise sanitária”, destaca.

O setor ainda deve ficar alerta nos próximos meses, já que não é possível saber como todo o mercado brasileiro irá se comportar. “O que depende diretamente dos rumos que a Covid-19 irá tomar no Brasil, do comportamento das pessoas e das ações dos poderes público e privado”, completa o especialista. Apenas no Estado de São Paulo, 50 mil beneficiários deixaram de contar com o plano de saúde médico-hospitalar em 12 meses, o que equivale a quase metade de todos os vínculos rompidos no período.

Cechin explica que o comportamento do mercado de planos de saúde médico-hospitalares está intimamente ligado ao saldo de empregos formais no País. O executivo destaca que isso se deve ao fato de a maior parte ser de planos coletivos empresariais, ou seja, aqueles oferecidos pelas empresas aos seus colaboradores. Além do vínculo rompido, a redução da massa de rendimento das famílias também acaba por influenciar sua capacidade de manter planos individuais e familiares ou mesmo coletivos por adesão.

O pequeno saldo de crescimento em julho aponta para a atenuação do aprofundamento da crise econômica. “Vale lembrar, no entanto, que a economia brasileira fechou 1,19 milhão de vagas de trabalho com carteira assinada no primeiro semestre de 2020, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Julho já mostrou certo alívio, com o crescimento do emprego, mas a retomada intensa da atividade econômica só virá após sanada a crise sanitária. Esperamos ter entrado em um momento de estabilidade para que o setor volte a crescer no futuro”, conclui José Cechin.

A NAB consolida os mais recentes números de beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares e exclusivamente odontológicos, divididos por estados, regiões, faixas etárias, tipo de contratação e modalidade de operadoras.

Planos exclusivamente odontológicos

Entre 2016 e início de 2020, o setor de exclusivamente odontológicos sempre se manteve à parte da instabilidade nacional, com elevado ritmo de crescimento, ao contrário dos médico-hospitalares. No entanto, esse segmento também sente os impactos do atual momento.

Apesar de continuar em alta no período de 12 meses encerrado em julho deste ano, com crescimento de 2,7% (675 mil novos beneficiários), a modalidade registrou sucessivas quedas mensais a partir de março. Só entre abril e julho, o segmento perdeu aproximadamente 320 mil vínculos, ou seja, baixa de 1,2%.

No período de três meses, a maior queda foi registrada entre os planos coletivos. Essa categoria registrou diminuição de 1,3%, o que equivale a 275 mil beneficiários.