Entre 800 e mil médicos procuraram a Unimed-Rio interessados em pagar suas dívidas com a cooperativa desde que uma assembleia de associados, no último dia 27, negou o aporte de R$ 500 milhões solicitado pela direção para manter a operação e viabilizar o plano de recuperação da companhia. Sem o aporte, ficou maior o risco de uma liquidação extra judical da cooperativa. A procura surpreendeu a empresa, que decidiu criar um “Plano voluntário” para aqueles que quiserem quitar os débitos com ISS que foram pagos pela Unimed-Rio em nome dos cooperadores, entre 2012 e 2015, e que somam R$ 250 milhões.

— Ainda não temos como fazer um balanço, mas os depósitos já começaram a ser feitos. O que posso dizer, por exemplo, é que um único cooperado depositou R$ 350 mil — disse Denise Durão, vice-presidente e diretora Médica da Unimed-Rio.

LINHA DE CRÉDITO PARA ASSOCIADOS

No site da empresa, na parte de acesso restrito aos 5.400 cooperados, está sendo informado o valor do débito de cada médico, que varia de R$ 47 a mais de R$ 1 milhão, e há um formulário para adesão ao plano. A cooperativa negociou com quatro bancos linhas de financiamentos individuais para quem quiser quitar a dívida. A Unimed-Rio tem passivo de R$ 1,9 bilhão e está sob a direção fiscal da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) desde o ano passado.

Fontes do setor afirmaram que a negativa de aporte pelos cooperados foi um banho de água fria no plano de recuperação da empresa e que, neste momento, qualquer injeção de recursos é bem-vinda.

— Mas o impacto desse aporte voluntário vai depender do número de cooperados que aderirem e do perfil da dívida. Se houver uma forte participação dos maiores devedores, essa pode ser uma ajuda importante — avaliou a fonte.

O valor do aporte pedido na assembleia, de R$ 500 milhões, partiu de um cálculo da ANS. No entanto, pessoas próximas ao plano de recuperação dizem que não é possível precisar hoje o quanto seria necessário para manter a empresa funcionando.

— O que os cooperados precisam entender é que, se não aportarem agora, vão ter que arcar com uma dívida muito maior do que os R$ 500 milhões. E que, dificilmente, os médicos poderão se eximir de responsabilidade no caso de uma liquidação, pois foram avisados da situação da empresa e da necessidade de colaboração — destacou outra fonte.

Denise, da Unimed-Rio informou que várias medidas administrativas e de gestão da carteira estão sendo tomadas. A folha de pagamento de pessoal, por exemplo, foi reduzida em R$ 2 milhões por mês, e os custos com órteses e próteses e materiais especiais caíram de R$ 16 milhões para R$ 9 milhões:

— Há muita coisa ainda a ser feita, mas precisamos de tempo, da participação dos cooperados e da confiança de nossos clientes.