As altas taxas de hospitalização de idosos no sistema de saúde são um dos reflexos do envelhecimento da população brasileira e representam um grande desafio para operadoras e empresas que administram seus próprios planos de saúde. Com a fragilização do organismo causada pelo avanço da idade, as pessoas com mais de 60 anos tendem a recorrer com maior frequência às internações, além de permanecerem hospitalizados por mais tempo. Tudo isso acaba impactando fortemente na qualidade de vida dos idosos e também nos custos assistenciais das operadoras.

Segundo pesquisa da Unidas (União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde), publicada em maio de 2017, a taxa de internação média para beneficiários com 59 anos ou mais é de 24%, enquanto entre os jovens de 19 a 23 anos esse índice é de 7,4%. O custo médio por internação da última faixa etária é de R$ 19,1 mil ante R$ 7,6 mil da primeira faixa (até 18 anos).

Principais causas da hospitalização de idosos

Outro estudo, desta vez realizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), analisou dados referentes às internações de idosos em um conjunto selecionado de hospitais privados no ano de 2014. Foi constatado que as principais causas de internação dos beneficiários idosos na saúde suplementar concentram-se nas doenças do aparelho circulatório e respiratório, além das neoplasias malignas.

Entre as idosas mais jovens (60 a 79 anos) as neoplasias lideram, seguidas pelas doenças do aparelho circulatório e digestivo. Entre as mais idosas (com 80 anos ou mais), as principais causas são as doenças do aparelho circulatório. Em seguida vêm as doenças do aparelho respiratório e outras causas relacionadas a sintomas, sinais e achados anormais em exames (causas mal-definidas).

Entre os homens idosos prevalecem as doenças do aparelho circulatório e as neoplasias malignas para as duas faixas etárias analisadas (idosos mais jovens e mais idosos), com uma expressiva preponderância de doenças do aparelho digestivo e de causas mal-definidas.

Por que devemos evitar a internação?

Dentro de uma estratégia baseada na prevenção e na promoção da saúde, a ANS recomenda que a hospitalização de idosos deve ocorrer apenas no momento de agudização de uma doença crônica, pelo menor tempo possível, ou em casos de urgências.

Segundo a avaliação ANS, o hospital não é um ambiente seguro para pessoas idosas, pois o risco de infecção e de perda da capacidade funcional é alto. Além disso, as reminiscências do período de internação podem levar a transtornos distímicos ou colaborar para quadros depressivos.

Diversos aspectos na hospitalização comprometem o indivíduo idoso. Pelo simples fato de estar acamado, ele já se encontra em processo de perda de massa muscular. Outro fator é o uso rotineiro de medicações psicoativas e o aparato de procedimentos médicos invasivos, que causam uma taxa de complicações iatrogênicas de três a cinco vezes maior para o idoso, quando comparado a uma população adulta jovem.

Na hospitalização de idosos, o quadro de perda funcional está associado ao aumento de tempo de permanência hospitalar e de mortalidade. Isso gera uma maior necessidade de programas de reabilitação e atenção domiciliar para esse público, bem como uma maior utilização dos serviços e uma elevação do custo de saúde.

Reduzindo os índices de hospitalização de idosos

Os programas de prevenção e promoção da saúde são as principais ferramentas de medicina preventiva que as operadoras podem utilizar para frear o aumento de custos com internações nesta faixa etária. Contudo, de acordo com o modelo geral de atenção ao idoso definido pela ANS, é preciso promover uma hierarquização dos cuidados e da assistência, de acordo com o nível de deterioração da capacidade funcional do paciente.

Portanto, todos os beneficiários com 60 anos ou mais devem ser alvo de algum tipo de cuidado, desde o mais leve (apenas para mantê-lo sob acompanhamento) até mais intensivo, para aqueles que necessitam de um nível maior de intervenção. O tipo de ação a ser oferecida deve ser definido pelo grau de dependência (o quanto ele requer auxílio de pessoas ou de equipamentos para realizar atividades da vida diária).