Normalmente, as pessoas contratam um plano de saúde para se sentirem mais seguras, garantindo de forma mais eficiente o acesso ao atendimento médico nas mais diferentes situações — em exames, consultas e casos de emergência, por exemplo. Entretanto, essa garantia parece não ser tão real.

Uma pesquisa realizada pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Associação Paulista de Medicina (APM) constatou a insatisfação de profissionais da Medicina com as interferências diretas e indiretas de convênios médicos nas decisões de tratamento de pacientes e na continuidade do cuidado deles.

Entre 25 de fevereiro e 9 de março de 2022, os pesquisadores da AMB e da APM entrevistaram 3.043 médicos brasileiros. Destes, cerca de 70% afirmaram trabalhar com planos de saúde.

Interferências do plano de saúde

De maneira geral, os médicos deixam claro que sentem o seu trabalho prejudicado por pressões impostas pelos diferentes planos de saúde, o que impacta na escolha das melhores condutas para o paciente.

Segundo o levantamento, 51,8% dos médicos relataram ter dificuldade para conseguir a internação de pacientes por meio de planos. Desses, 6,7% disseram que esses casos não foram isolados.

Outra questão preocupante é que 53,1% dos entrevistados afirmaram ter sofrido pressão de convênios médicos para antecipar a alta de pacientes. Quando o assunto são exames clínicos, por exemplo, 80,6% dos profissionais já tiveram restrições para obter liberações por parte de planos de saúde.

Entretanto, nem todas as interferências acontecem de maneira direta. Os entrevistados também reclamaram que o reajuste de preço do plano de saúde acaba fazendo que os pacientes interrompam os tratamentos. Essa situação foi relatada por 88,3% dos médicos.

Um problema que afeta diretamente o bolso dos profissionais são os atrasos de pagamento ou o não recebimento pelos serviços prestados, também chamados de glosas. De acordo com a pesquisa, 85,8% dos entrevistados disseram já ter passado por alguma dessas situações com os convênios.