O Brasil é o segundo país no mundo com o maior número de casos de Covid-19 e enfrenta diversos obstáculos no combate à pandemia. Uma das medidas para liberar leitos para pacientes com coronavírus e evitar sobrecarga no sistema de saúde foi o adiamento de procedimentos e cirurgias que não são de urgência, os chamados procedimentos eletivos.

Diante desse cenário, Bruno Sobral de Carvalho, secretário-executivo da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), afirma que o setor hospitalar teve uma redução drástica na receita. “O setor hospitalar tem custos fixos muito elevados. Então, mesmo com a redução da demanda, este ônus mensal ainda existe”.

Ele explica que o setor hospitalar passa por dois movimentos: a redução das cirurgias eletivas e a diminuição da procura pelo atendimento no pronto-socorro, e o aumento nas internações e atendimentos por Sars-CoV-2.

Carvalho informa que a redução na arrecadação acontece mesmo com o aumento nas internações por Covid-19. “Antes da pandemia, o procedimento mais comum era o cirúrgico, que em poucos dias o paciente já deixa o hospital. Por mais que o valor de tratamento de Covid-19 não seja baixo, o giro de leito anterior era bem mais eficiente que o atual, porque tem um longo período de tratamento”, diz.

Aliado a esses fatores, o secretário-executivo da CNSaúde afirma também que houve um aumento no custo de mão de obra e nos custos de insumos do setor. “Teve um aumento de custos porque esse profissional passa o dia inteiro tratando de Covid-19. Então, o setor teve muito pagamento de afastamento e hora-extra”, argumenta.

Para Mônica Viegas Andrade, quatro impactos podem ser observados no setor de saúde em um curto e médio prazo: aumento na expectativa de utilização, que gerou uma capacidade de expansão de oferta, mesmo que ela não tenha se efetivado; adiamento das cirurgias eletivas, que produziram um contra-movimento que é a capacidade ociosa no curto prazo; choque agregado da economia, pela própria pandemia; e a inadimplência do setor, que ainda não chegou.

Mas um dos aspectos positivos que Andrade observa é quanto à utilização de suporte diagnóstico de forma remota. “Eu acho que a telemedicina vem pra ficar, é fundamental. Ela vai quebrar um tabu na relação médico-paciente, introduzindo uma mudança de comportamento”, prevê. Ela acredita que haverá uma resistência tanto do setor público quanto do privado quanto ao fechamento de leitos depois da pandemia.

Paulo Furquim entende que a crise de saúde pública colocou desafios. Entretanto, revelou a necessidade e a oportunidade, em questões como as tecnologias de gestão e sistema de pagamento do setor.

Por fim, Renato Couto explica que o uso da tecnologia torna o setor mais eficiente, melhorando a qualidade assistencial e evitando desperdícios. “A tecnologia mais importante é aquela com a qual podemos saber o que está acontecendo com as pessoas e apoiá-las a se cuidar”, completa.