Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que pessoas idosas e pacientes com condições de saúde pré-existentes (como doenças cardíacas, doenças pulmonares, pressão alta e outros) parecem desenvolver versões mais graves da doença causada pelo novo Coronavírus, a Covid-19. Assim, em um esforço de auxiliar o sistema de saúde na construção de conhecimento durante a pandemia, o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) publica o Estudo Especial “O novo Coronavírus no Brasil e fatores de risco em beneficiários de planos de saúde”. A pesquisa busca utilizar as estatísticas nacionais divulgadas acerca do número de óbitos e infectados, apontar a prevalência encontrada em inquéritos de saúde mais recentes disponíveis e estimar a quantidade de beneficiários com risco para a doença em todo o País.

“Por se tratar de um novo vírus ainda faltam estudos, vacinas, remédios e levantamentos sobre essa nova doença. Procuramos descrever brevemente o cenário da pandemia no Brasil, com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, e contribuir com o conhecimento das estatísticas da saúde suplementar disponíveis até o momento para municiar as instituições no combate à doença”, comenta José Cechin, superintendente executivo do IESS. Segundo ele, a publicação vem em um momento fundamental. “O Brasil já ultrapassou 1,3 milhão de casos de Covid-19, segundo os últimos números do Ministério da Saúde. Cerca de quatro meses desde o primeiro caso oficial, o País só fica atrás dos Estados Unidos no número de infectados pelo novo Coronavírus”, alerta.

No período analisado, mais da metade, 54,4%, dos óbitos foram de homens, 69% de pessoas acima dos 60 anos de idade e 64% apresentaram pelo menos um dos fatores de risco da doença (cardiopatias, obesidade, imunodepressão, doença neurológica, doença renal, pneumopatia, diabetes e asma).

De acordo com os microdados extraídos da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013), inquérito de saúde mais recente disponível, entre os beneficiários de planos de saúde, 23,3%  receberam de um médico o diagnóstico de que eram portadores de hipertensão arterial (pressão alta), 18,8% estavam obesos, 7,0% com diabetes, 5,0% com asma (ou bronquite asmática), 2,0% com doença no pulmão ou DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), 1,6% com insuficiência renal crônica e 1,2% com AVC ou Derrame.

Com o cruzamento dessas informações com os números aferidos pela Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), boletim mensal da organização, estima-se que haja cerca de 11 milhões de beneficiários com hipertensão, 8,8 milhões com obesidade, 3,3 milhões com diabetes, 2,4 milhões com asma, 938,6 mil com doença no pulmão, 753,9 mil com insuficiência renal crônica e 571,0 mil com AVC ou derrame.

José Cechin alerta, no entanto, que o número de beneficiários no grupo de risco é muito menor do que a soma desses números, pois muitos apresentam mais de uma dessas doenças. “A pessoa pode ser, simultaneamente, obesa, diabética e hipertensa, por exemplo. A simples soma do número de pessoas com cada uma dessas condições acarreta uma tripla contagem”.

Feita essa relevante observação, o especialista lembra, ainda, que esses dados são estimativas entre os beneficiários de planos de saúde. “Importante entender que os números valem para os cerca de 47 milhões de vidas que contam com a saúde suplementar. Ou seja, entre os mais de 210 milhões de brasileiros o número é muito maior”, reforça.

O estudo especial também apresenta os dados regionais de quantidades de beneficiários com hipertensão arterial, obesidade e diabetes nas capitais de todos os Estados brasileiros extraídos do Vigitel Saúde Suplementar 2017. Nesses três fatores de risco, verificou-se que houve aumento da prevalência com o decorrer da idade e está mais alta nas faixas etárias acima de 55 anos, justamente o grupo com o maior risco de ter uma complicação mais grave da Covid-19. No caso dos beneficiários com 65 anos ou mais, mais da metade (57,1%) relataram diagnóstico de hipertensão arterial por exemplo, e quase 1 a cada 5 tiveram o diagnóstico de diabetes (20,0%) ou obesidade (18,6%). Além disso, as estimativas demonstraram que metade dos beneficiários que receberam diagnóstico para hipertensão, obesidade e diabetes residiam nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

O Instituto ressalta que essas estimativas do número de beneficiários com fatores de risco em fevereiro de 2020 são baseadas nas prevalências apontadas em anos anteriores, estando, portanto, sujeitas a variações nos percentuais. No entanto, são os dados mais recentes disponíveis. “Entendemos a gravidade deste delicado momento e buscamos auxiliar na criação de bases sólidas de conhecimento para auxiliar no combate ao Coronavírus. É essencial, entretanto, que cada um faça a sua parte na luta contra a nova doença. Acreditando na ciência, respeitando o isolamento social e as boas práticas de higiene”, reforça Cechin.