Os planos de saúde verticalizados têm um papel fundamental na ampliação do acesso da população à saúde, pois, quando bem desenhados e operados, propiciam maior eficiência na entrega do cuidado assistencial e, por consequência, preços mais acessíveis aos consumidores.

O fato de as operadoras de planos de saúde possuírem rede assistencial própria não é novidade. Está na raiz da saúde suplementar brasileira, mais especificamente nas medicinas de grupo que surgiram ainda na década de 1960, na região do ABC paulista, para tratar dos trabalhadores das fábricas de automóveis recém-instaladas no país. Atualmente, cerca de 60% das mais de 700 operadoras registradas no Brasil (dos mais diferentes formatos) têm algum grau de verticalização.

O modelo facilita a coordenação do cuidado e promove uma integração maior entre as diferentes etapas de diagnóstico e tratamento, reduzindo o sentimento de desorientação do beneficiário dentro do sistema.

Alguns críticos alegam, de forma superficial e indiscriminada, que as operadoras verticalizadas priorizam exclusivamente o controle de custos em detrimento da qualidade. É uma simplificação retórica perigosa e, muitas vezes, maliciosa. Esses dois objetivos não são excludentes. É perfeitamente possível conciliar saúde de qualidade com gestão eficiente.

Mesmo havendo outros elementos a serem analisados, qualidade em saúde de verdade é refletida na excelência dos desfechos clínicos alcançados. Nesse sentido, há iniciativas interessantes tanto da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) quanto do setor privado no desenvolvimento, monitoramento e divulgação de indicadores que permitirão comparar os desfechos clínicos de toda a rede hospitalar.

A melhoria da apuração e divulgação de resultados auditáveis é fundamental para a evolução do setor. Infelizmente, na área da saúde ainda prevalece uma percepção de qualidade fortemente subjetiva, vinculada à infraestrutura física do local. E isso, por vezes, pode ser extremamente enganoso.

Do ponto de vista técnico, a autonomia dos médicos no diagnóstico e tratamento de enfermidades é princípio basilar da medicina. Da mesma forma, a criação e o aprimoramento constante de protocolos clínicos, adotados em praticamente todos os centros de excelência em saúde no Brasil e no mundo.

Desde que sejam resultado de um debate técnico amplo, os protocolos ajudam a padronizar tratamentos e garantir maior consistência do cuidado assistencial.

Kaiser Permanente é um exemplo internacional que demonstra ser plenamente capaz de harmonizar gestão eficiente, preço acessível e qualidade de desfecho. Além de parceira da Universidade Corporativa Abramge, é um dos maiores planos de saúde dos Estados Unidos, com mais de 12 milhões de clientes, operando 39 hospitais e mais de 700 consultórios. A qualidade do atendimento é reconhecida mundialmente, com ênfase na jornada do paciente e coordenação do cuidado, reduzindo tempo desnecessário em ambientes hospitalares.

Assim como os demais modelos de assistência à saúde, a verticalização vem evoluindo com o passar dos anos, o que é bem-vindo e necessário. Quem estuda saúde (e invariavelmente se apaixona por ela) descobre rapidamente que não há solução única ou “bala de prata”. Por isso, precisamos seguir nessa busca incessante por modelos e desenhos inovadores, que nos levem cada vez mais perto do nosso principal objetivo: uma saúde de qualidade, sustentável e mais acessível para todos os brasileiros.