Reduzir os gastos crescentes em saúde e garantir a sustentabilidade financeira do setor não são desafios exclusivos do Brasil. Atualmente, são pautas discutidas em vários países desenvolvidos e em desenvolvimento. Para a discussão desse tema, conversei com o médico Francisco Vignoli, fundador da empresa B2 Saúde.

De acordo com a pesquisa realizada este ano pelo Pnad/IBGE, o número de trabalhadores brasileiros com mais de 60 anos chega a 6,48 milhões e, a perspectiva é que a população idosa triplique até 2030.

Para que as empresas possam equilibrar o orçamento das suas despesas com o benefício do plano de saúde, atrelado ao número de funcionários idosos, as organizações devem se mostrar em primeiro lugar preocupadas e receptivas a discutir essa questão. Vignoli aponta que pouquíssimas empresas estão realmente preparadas ou mostram interesse nessa pauta. Algo relacionado com a nossa cultura, como podemos acompanhar com a Reforma da Previdência. Um outro agravante seria que até hoje, não foi aprovada uma lei que criaria uma previdência privada para a saúde.

O país está envelhecendo, nascem cada vez menos brasileiros e a força de trabalho que sustenta as aposentadorias e pensões não cresce no mesmo ritmo, ou seja, no caso da Previdência, o caos é total porque o Brasil tem também uma massa jovem que se encontra desempregada, cerca de um milhão e meio de desempregados.

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Se a base é pequena o colapso é inevitável. Dessa forma, para acompanhar esse novo perfil populacional, o nosso país necessita expandir os modelos de atenção aos idosos.  Como por exemplo,  os programas de prevenção e promoção à saúde que contribuem diretamente na manutenção da qualidade de vida.

Para Vignoli, a saúde no Brasil e em outros países de maneira geral apresenta um nível baixo de educação. Quando falamos de promoção à saúde relacionamos a medicina do estilo de vida, que nada mais é que a questão da conscientização e mudanças de hábitos para o alcance de um bem-estar pleno. Ele pondera, que através do processo educativo 60% do custo médico poderia ser reduzido, e isso não se limita apenas a alimentação, cuidados pessoais, mas também ao próprio uso dos planos de saúde.

“O Brasil esqueceu a aplicação da palavra educação, os governantes olham para a saúde como um processo econômico inflacionário, que de certa forma se tornou, visto que o governo delega isso para a iniciativa privada”, afirma Vignoli.

O uso consciente dos recursos de saúde cria maior consciência de valor na população, por essa razão não deve deixar de ser estimulado, pois segundo o Instituto Coalizão Saúde apenas 10% dos idosos de renda média poderão arcar com uma cobertura de plano de saúde privado. Entretanto não é um processo educativo que se limita simplesmente ao usuário, deve se estendido para toda a cadeia de serviço.